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Comunidade islâmica da Áustria apoia encerramento de mesquitas extremistas

A Comunidade de Culto Muçulmano da Áustria (IGGiÖ) transmitiu hoje o seu apoio ao encerramento de várias mesquitas, acusadas de extremismo, decidido pelo Governo austríaco, mas criticou o momento escolhido, quando decorre o mês sagrado do Ramadão.

Na sexta-feira, o executivo austríaco, formado pelo partido social-democrata ÖVP e pelo ultranacionalista FPÖ, anunciou o encerramento de sete mesquitas e a expulsão de dezenas de imãs que recebem salários do estrangeiro, supostamente da Turquia.

A mais afetada é a Comunidade Religiosa Árabe, um grupo minoritário, não reconhecido oficialmente e acusado de pertencer a uma corrente extremista islâmica.

“Essa comunidade não faz parte da IGGiÖ, não se trata realmente de mesquitas, é uma estrutura paralela, e estas mesquitas privadas devem ser encerradas”, salientou o vice-presidente da IGGiÖ, Esad Memic, em declarações a uma rádio, a Oe1.

Seis das sete mesquitas encerradas são daquela comunidade, enquanto a sétima é de outro grupo, acusado de divulgar a ideologia extremista nacionalista turca.

O representante da IGGiÖ criticou o momento escolhido para anunciar o encerramento das mesquitas, precisamente na última semana do Ramadão, o que considerou como uma “afronta” aos muçulmanos na Áustria.

O Governo austríaco pondera expulsar, pelo menos, 40 imãs com salários pagos a partir da Turquia, o que viola a lei islâmica vigente, adotada em 2015.

Esad Memic lamentou estas expulsões dizendo: “será uma grande perda para nós, mas faremos o melhor para assistir às mesquitas”.

“As mesquitas que fazem parte da nossa comunidade [oficial] não têm nada a temer já que cumprem a lei islâmica. E, em caso de [existirem] erros, vamos corrigi-los”, acrescentou.

Segundo os últimos dados disponíveis, na Áustria vivem cerca de 700 mil muçulmanos num total de 8,8 milhões de habitantes.

Aquele número duplicou nos últimos 15 anos, devido ao aumento acentuado registado entre 2015 e 2016, com a chegada de quase 150 mil imigrantes e refugiados de países muçulmanos.

Aquando do anúncio da decisão do Governo austríaco, o chanceler conservador, Sebastian Kurz, disse que a medida se prende com a controversa reconstituição, por crianças vestidas como soldados, de uma batalha emblemática da história otomana, numa das principais mesquitas de Viena, próxima da comunidade turca.

Além do encerramento das mesquitas, o governo austríaco anunciou que vai expulsar imãs que recebem financiamento exterior (supostamente da Turquia) para difundir ideias extremistas e doutrinar menores de idade.

“As sociedades paralelas, o islão político e o extremismo não tem cabimento na Áustria”, declarou o chanceler numa conferência de imprensa realizada na sexta-feira, em Viena.

As ações do governo foram baseadas numa lei de 2015 que, entre outras coisas, impede que comunidades religiosas obtenham financiamento do exterior.

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