O presidente da comissão eleitoral do partido Ação Democrática Independente (ADI), na oposição em São Tomé e Príncipe, garantiu hoje que o congresso para eleger o presidente se realiza este sábado, apesar de ter sido adiado pela comissão de gestão.
“Amanhã [sábado] às 09:00, irá realizar-se o congresso eletivo do partido ADI. Neste momento, todas as condições estão criadas para que seja realizado. Conseguimos e temos neste momento todos os elementos: temos a sala, os seguranças para que as pessoas que venham se sintam seguras”, bem como transportes, disse hoje Cecílio Sacramento, em conferência de imprensa, na capital são-tomense.
Reforçando a questão da proteção dos delegados ao congresso, o responsável avisou: “Os que não querem o congresso, é melhor ficarem em casa”.
Esta quinta-feira, o conselho nacional do ADI anunciou o adiamento do congresso previsto para este sábado – e que se destina a eleger o próximo presidente do partido, contando com Agostinho Fernandes como candidato único -, sem adiantar uma nova data.
Na terça-feira, Agostinho Fernandes tinha afirmado recear um adiamento ou cancelamento do congresso depois de, no fim-de-semana, o antigo presidente do partido e ex-primeiro-ministro, Patrice Trovoada, ter enviado um vídeo à comissão de gestão do ADI a apelar nesse sentido.
“Já há nove anos que o partido não realiza um congresso, os órgãos estatutários estão completamente obsoletos, não há razão para anular mais uma vez”, comentou Cecílio Sacramento, que declarou estar a falar na conferência de imprensa na qualidade de presidente da comissão eleitoral e de vice-presidente do conselho de jurisdição e controlo do ADI.
O responsável rejeita os argumentos da comissão de gestão de que não há condições para realizar este encontro, que já tinha sido marcado para 30 de março e foi adiado para dia 25 de maio.
“Como se explica a realização de dois conselhos nacionais, com o aluguer de uma sala com 400 militantes?”, perguntou.
Questionado sobre se este impasse pode prejudicar o partido enquanto elemento da oposição ao Governo da ‘nova maioria’ (MLSTP-PSD e coligação PCD-UDD-MDFM), Cecílio Sacramento advertiu que, sem órgãos eleitos de acordo com os estatutos do partido, o ADI “fica completamente fragilizado”.
“Nenhum partido político pode viver com uma comissão de gestão, porque os [outros] partidos podem não querer falar com a comissão de gestão e com toda a razão. É preciso criar condições para ter estruturas democraticamente eleitas para funcionar”, defendeu.
“O ADI, sem uma estrutura democrática, é um partido morto, frágil, inexistente. E neste momento, o ADI é um partido inexistente sem a criação da estrutura democrática”, considerou.
Sobre a possibilidade de este novo adiamento ter como objetivo a apresentação de uma candidatura de Patrice Trovoada, que em novembro passado anunciou a decisão de se autossuspender da presidência do partido, Cecílio Sacramento disse: “O outro candidato que concorra, mesmo que se faça representar”.
“Não estamos contra a presença do líder carismático do ADI, o Patrice Trovoada. Pelo contrário, ele é um elemento do ADI, ele reforça-nos e nós reforçamo-lo”, comentou.
“O que é mau, caricato, um erro é dizer que na sua ausência não se pode realizar o congresso”, sustentou.
Cecílio Sacramento afirmou ainda que o candidato único, Agostinho Fernandes, pode tornar o partido “único, democrático e renovado”.
Há mais de mil delegados ao congresso e o responsável da comissão eleitoral afirmou à Lusa que, até ao final da manhã de sábado, será conhecida a decisão sobre a eleição de Agostinho Fernandes.