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O combate ao autismo com uma inversão do paradigma

Uma técnica terapêutica capaz de ensinar os pais a comunicar com os filhos autistas ajuda estes a combater o problema, a longo prazo. Um estudo que foi publicado nesta quarta-feira na revista britânica The Lancet concluiu que as crianças cujas famílias adotaram um programa terapêutico apresentaram melhorias assinaláveis.

O combate dos sintomas do autismo nas crianças pode ser feito através de uma aprendizagem por parte dos pais.

De acordo com uma pesquisa publicada na revista médica The Lancet, uma terapia inovadora revelou-se eficaz a longo prazo.

O estudo consistiu num acompanhamento de famílias com crianças autistas, com idades entre os 2 e os 4 anos. Esses agregados participaram na Terapia Pré-escolar de Comunicação para Autismo (PACT), que consiste num programa de comunicação para crianças implementado pelos pais.

Graças a esse modelo de comunicação, os pais tornam-se capazes de encontrar as particularidades comunicativas dos seus filhos e, desse modo, ajudam-nos a reagir e a corrigir os problemas.

O PACT, no entanto, não é uma terapia desenvolvida apenas no seio do agregado. Prevê sessões com especialistas nesta matéria, que fazem uma gravação de situações de interação entre crianças e os pais.

Posteriormente, confrontam os progenitores com esses registos de vídeo e ajudam-nos a corrigir falhas, ou a melhorar o contacto com os filhos.

Ao conhecerem as reações das crianças, os pais poderão aperfeiçoar a sua ação e redefinir intervenções futuras.

Ainda no âmbito deste programa, os pais estabelecem o compromisso de treinar as técnicas, sozinhos, para aplicar conhecimentos.

Neste estudo, os investigadores acompanharam 121 crianças autistas, em idade pré-escolar, sendo que em 59 famílias foi adotada a Terapia Pré-escolar de Comunicação para Autismo. As restantes recorreram a técnicas convencionais.

Seis anos mais tarde, os especialistas repetiram a intervenção para verificar diferenças. E nos agregados onde foi implementado o PACT notou-se uma diminuição dos sintomas do autismo.

A percentagem de crianças profundamente autistas desceu de 55 no início da terapia, para 46 por cento seis anos depois.

Nas famílias onde se recorreu a tratamentos convencionais, não só não houve melhorias como se verificou um agravamento de sintomas de autismo profundo, de 50 para 63 por cento.

Esta é a primeira vez que se demonstra que uma intervenção focada nos pais e logo na primeira infância pode combater o problema, com melhorias na comunicação e nos comportamentos repetitivos.

Já o mesmo não se pode dizer em relação a sintomas como a ansiedade ou dificuldades de linguagem.

” As nossas descobertas são muito encorajadoras, pois demonstram uma melhora em sintomas básicos do autismo que até agora eram considerados difíceis de mudar”, disse Jonathan Green, coautor do estudo e investigador da Universidade de Manchester, em declarações reproduzidas pela agência EFE.

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