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Cimeira europeia começa com três horas de atraso

A cimeira extraordinária destinada a desbloquear o impasse nas negociações para as nomeações dos lugares institucionais de topo europeus começou com cerca de três horas de atraso, após várias reuniões de última hora entre os líderes dos 28.

Agendada para as 18:00 de Bruxelas (menos uma hora em Lisboa), a reunião extraordinária dos chefes de Estado e de Governo começou às 21:23 horas locais, segundo informou Preben Aamann, o porta-voz do presidente do Conselho Europeu, na sua conta na rede social Twitter.

O atraso no início dos trabalhos justifica-se pelas reuniões de última hora na sede do Conselho em Bruxelas, quer a nível bilateral, quer em formato mais alargado, como aquela que reuniu os líderes pertencentes ao Partido Popular Europeu ou aquela que juntou na mesma sala Itália e o grupo de Visegrado, ou seja, os declarados opositores à nomeação do socialista holandês Frans Timmermans para a presidência da Comissão Europeia.

A oposição dos líderes do PPE à proposta desenhada na cidade japonesa de Osaka pela chanceler alemã, Angela Merkel, pertencente àquela família política, pelo presidente francês, Emmanuel Macron, pelo presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e pelo primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, diminuiu as hipóteses reais de o candidato principal dos socialistas chegar ao cargo mais ambicionado da União Europeia.

“Enquanto PPE, não concordámos com o ‘pacote’ que foi negociado em Osaka. Penso que é correto dizer que há uma grande oposição a essa proposta do ponto de vista do PPE. A grande maioria dos primeiros-ministros da nossa família não acredita que devamos abdicar da presidência da Comissão tão facilmente, sem uma luta”, declarou o primeiro-ministro irlandês à chegada à reunião.

Além de Leo Varadkar, também o primeiro-ministro búlgaro, Boyko Borissov, e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, se pronunciaram contra a entrega da presidência do executivo comunitário aos socialistas, segunda força política nas eleições europeias de maio, com 154 eurodeputados eleitos, menos 28 do que os conservadores.

Se os líderes pertencentes ao PPE votarem contra a nomeação de Timmermans, o socialista holandês não chegará à presidência da Comissão, uma vez que aquela família política tem oito representantes no Conselho e força de bloqueio.

Para chegar à presidência do executivo, Timmermans precisa do voto favorável de uma maioria qualificada reforçada no Conselho (pelo menos 21 Estados-membros e 65 por cento da população da UE).

A noite adivinha-se longa em Bruxelas, tão longa que os serviços do Conselho anunciaram que a cimeira de hoje pode prolongar-se até um “pequeno-almoço na segunda-feira”, uma hipótese que a chanceler alemã, Angela Merkel, pareceu não excluir à entrada da reunião.

“Atendendo ao presente estado das coisas, não serão discussões nada fáceis, é o mínimo que posso dizer. Provavelmente, vai demorar”, declarou, à chegada à sede do Conselho, em Bruxelas.

Também o primeiro-ministro português, António Costa, disse esperar “muitas horas de reunião” antes de os 28 chegarem a uma conclusão final sobre a distribuição dos lugares de topo da UE.

Após a cimeira inconclusiva de 20 de junho passado – que terminou já na madrugada de 21 sem ‘fumo branco’ -, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia voltam a reunir-se hoje em Bruxelas, em cima do prazo limite para tentar encontrar um compromisso, uma vez que na terça-feira tem início, em Estrasburgo, França, a sessão inaugural da nova legislatura do Parlamento Europeu (PE), na qual será eleito o presidente da assembleia, um dos lugares de topo negociados ‘em pacote’.

Além da presidência do executivo comunitário – o posto que todos querem, e pelo qual estão dispostos a ‘abrir mão’ dos restantes – estão em jogo as presidências do Conselho Europeu, do Banco Central Europeu e de Alto Representante para a Política Externa, assim como a presidência do Parlamento Europeu, já que, embora esta seja decidida pelos eurodeputados, é tradicionalmente também negociada ‘em pacote’, de modo a serem respeitados os necessários equilíbrios (partidários, geográficos, demográficos e de género) na distribuição dos postos.

Perante o impasse nas negociações entre as três grandes políticas famílias europeias – Partido Popular Europeu (PPE), Socialistas Europeus e Liberais –, o Parlamento Europeu decidiu adiar por 24 horas a eleição do seu novo presidente, que estava agendada para terça-feira, primeiro dia da sessão, e passa para quarta-feira, esperando que até lá o Conselho chegue a um compromisso.

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