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Cesarianas: Preços no privado devem cair como desincentivo

bebe 210 O recurso às cesarianas caiu para os 28 por cento nos hospitais do SNS, mas a taxa manteve-se superior a 65 por cento no privado. Um grupo de peritos defende que os hospitais privados têm de baixar os preços para desincentivar esta prática e que as seguradoras devem cortar nas comparticipações.

Em Portugal, o recurso às cesarianas continua a registar um valor elevado. Em 2014, a taxa fixou-se nos 33 por cento.

Apesar da ligeira quebra face a 2009, quando o indicador era de 36 por cento, a taxa de cesarianas continua bastante elevada, frisou Diogo Ayres de Campos, presidente da Comissão Nacional para a Redução da Taxa de Cesarianas.

Se os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) conseguiram baixar o indicador em cinco por cento (de 33 para 28 por cento) neste período, os privados aumentaram o recurso às cesarianas.

A taxa de 2014 ficou nos 67,5 por cento, muito acima dos 50 por cento de 1999 e até mais do que os 66 por cento do último registo, em 2012.

Os especialistas estão de acordo, referiu Diogo Ayres de Campos: a taxa continua com valores muito elevados e o principal trabalho cabe aos privados, que têm de baixar os preços como forma de desincentivar a prática, fazendo equiparar a cesariana a um parto normal.

A Comissão Nacional para a Redução da Taxa de Cesarianas vai ainda propor às seguradoras que estudem os modelos de comparticipação, no sentido de a reduzirem para que a cesariana nos operadores privados tenha menos vantagens financeiras.

“Os seguros de saúde farão uma reflexão sobre os custos que estão dispostos a pagar”, acrescentou Fernando Leal da Costa, secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde.

Junto da população, a tutela deve apostar numa campanha de informação sobre os riscos, aconselhou ainda a comissão.

As cesarianas tornam a hemorragia major mais frequente, apresentam um risco de infeção 11 vezes maior, a morte materna é cinco vezes maior, a morte fetal é 60 por cento mais frequente e o risco de tromboembolismo também é aumentado, isto para além dos riscos normais que qualquer cirurgia acarreta.

A intervenção é também arriscada para o recém-nascido, que enfrenta um risco de complicações respiratórias sete vezes superior e um risco de asma e diabetes acrescido na adolescência.

“A cesariana não é mais segura, é muito menos segura. As cesarianas por razões clínicas salvam vidas, mas as cesarianas desnecessárias, feitas sem motivo nenhum, causam riscos desnecessários”, frisou Diogo Ayres de Campos.

Portugal está nos últimos lugares da Europa, ao nível de alguns países da América Latina, na comparação das taxas de cesariana, que é o indicador de qualidade dos cuidados obstétricos mais utilizado internacionalmente.

A Organização Mundial de Saúde recomenda que a taxa não ultrapasse os 30 por cento. Nos países do norte da Europa ronda entre os 15 e os 16 por cento, mantendo-se entre os 20 e os 30 por cento no resto da Europa.

Só na Turquia (46 por cento) e Itália (38 por cento) é que há um maior recurso às cesarianas do que em Portugal.

“Portugal tinha uma taxa de cesarianas de 24,3 por cento em 1996 e de 24,9 por cento em 1999”, recordou o presidente da comissão: “Daqui para a frente, ano após ano, tem subido até aos 36 por cento em 2009”.

A situação é “particularmente grave” na região norte.

De acordo com os dados citados pela Lusa, o Hospital de Bragança registou uma taxa de 38 por cento e Braga 40 por cento, no ano passado.

Na região centro, Castelo Branco chegou aos 32 por cento, Beja ficou-se pelos 19 por cento e Faro pelos 27 por cento.

Em Lisboa, o Centro Hospitalar Lisboa Norte (Santa Maria) registou 26,4 por cento e a Maternidade Alfredo da Costa (Centro Hospitalar Lisboa Central) registou 29,4 por cento.

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