Economia

Carlos Costa pede “consenso social forte” para que todos entendam “a razão do sacrifício”

carlos costaO aumento do desemprego assusta o Banco de Portugal, mas não coloca em causa a coesão social, defende o governador. “Temos de perceber que todos nós somos capazes de contribuir para um processo de ajustamento se entendermos a razão do sacrifício”, explica Carlos Costa.

O desemprego está a aumentar e o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, antecipou hoje a iminência da falta de trabalho para “os mais jovens e os mais velhos”. Serão “fenómenos muito dolorosos do ponto de vista da sociedade civil”, mas que não colocam em causa a coesão social, apesar dos vários alertas nesse sentido.

“O processo de ajustamento tem sido beneficiado pela compreensão da população, mas temos de perceber que é preciso estarmos sempre atentos. É preciso que todos se considerem parte do processo. Temos de perceber que todos nós somos capazes de contribuir para um processo de ajustamento se entendermos para onde é que vamos e qual é a razão do sacrifício”, argumentou Carlos Costa, ao intervir no seminário “A economia social, o emprego e o desenvolvimento local”, organizado pelo BdP e pela Cáritas.

O governador admitiu que “o Banco de Portugal sabe que o consenso social forte permite um processo de ajustamento mais rápido e mais bem sucedido”, pelo que destaca “a compreensão das dificuldades” como “um ponto de partida para um bom ataque a essas dificuldades”.

O economista confessou que estava a debater uma decisão política, mas sustentada em dados económicos. De acordo com o Eurostat, a taxa de desemprego em Portugal bateu os 17,8 por cento em abril. “Vamos assistir ao desemprego dos mais jovens e dos mais velhos, fenómenos muito dolorosos do ponto de vista da sociedade civil”, reforçou Carlos Costa.

Uma das medidas propostas pelo governador do BdP para minorar esse é a reafetação de trabalhadores a outros setores da economia, com destaque para a ação social: “o terceiro setor em Portugal não é de todo desprezível, muito pelo contrário. Estamos a falar de 55 mil organizações que empregam 260 mil pessoas e que representam 2,8 por cento do PIB”.

“Esta reafectação de trabalhadores implica uma retoma europeia, novos investimentos, capacidade empreendedora, e do ponto de vista dos trabalhadores implica encontrarem novas qualificações”, acrescentou.

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