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Cabul: Jornalista morto com tiro em pleno dia

jornalista cabuljornalista morto À luz do dia e numa das zonas mais vigiadas da capital do Afeganistão, um jornalista sueco foi abatido a tiro. Nils Horner, correspondente da rádio pública sueca, foi assassinado na zona das embaixadas numa altura em que se aproximam as eleições presidenciais.

Há mais um jornalista morto em serviço no Afeganistão, mas pela primeira vez o homicídio foi cometido na capital, à luz do dia e na zona das embaixadas, uma das mais vigiadas e seguras de Cabul.

Nils Horner, correspondente da rádio pública SR (Suécia), foi morto a tiro quando se aproximava de um restaurante libanês que, no início deste ano, foi atacado à bomba pelos talibãs.

A morte do jornalista foi já confirmada oficialmente pela embaixada da Suécia no Afeganistão e pela rádio.

De acordo com a SR, o ataque terá sido cometido ao início da manhã, por volta das 8h00 locais.  A editora Anne Lagercrantz acrescentou que Nils Horner esteve em contacto com a redação poucas horas antes da rádio ter recebido a notícia de que um estrangeiro tinha sido abatido em Cabul.

“Quando lhe ligámos para o telemóvel, minutos depois, um homem atendeu e disse-nos que trabalhava como médico de emergência num hospital de Cabul e que Nils estava morto”, referiu Lagercrantz.

“Ele foi baleado na cabeça e a rua ficou coberta de sangue, com as pessoes em pânico. Foi um ataque extremamente violento”, revelou Zubair Mohammad, uma testemunha citada pelo Guardian.

Outra testemunha, que a AFP cita sem identificar, acrescentou que o autor do crime terá tido a ajuda de um cúmplice para escapar. “Ouvi um disparo e vi um homem cair”, contou.

“Era um dos melhores”

Os relatos apontam para que Nils Horner, sueco que detinha também um passaporte britânico, teria saído do carro, numa congestionada rotunda de Wazir Akbar Khan, e sido posteriormente abordado por um homem armado, em plena rua e à luz do dia.

De acordo com uma fonte policial não identificada pelo Guardian, o homicida terá utilizado um silenciador.

Apesar de ter sido transportado para o hospital, o jornalista, de 51 anos, não resistiu.

“Este é um dos piores dias da história da rádio. O Nils era um dos nossos melhores jornalistas e um dos mais experientes”, comentou Cilla Benkö, diretora da SR, citada pela AFP.

Caso único

A zona de Wazir Akbar Khan, conhecida por aí estarem a maioria das embaixadas e vários edifícios governamentais, é considerada uma das mais seguras e vigiadas de Cabul. Apesar de alguns ataques pontuais, como um que no ano passado matou 21 pessoas, é a escolhida pela maioria dos jornalistas estrangeiros.

Este foi, porém, o primeiro ataque cometido contra apenas um civil durante o dia e no meio da cidade.

A altura do crime também causa apreensão. O jornalista foi abatido poucas horas antes do funeral de Mohammad Qasim Fahim, o vice-presidente que morreu no domingo, vítima de um ataque cardíaco.

Talibãs “não estão implicados”

O funeral de Fahim levou as autoridades a reforçar a segurança na capital, num ato que serviria de teste para a segurança pública antes de 5 de abril, dia em que o Afeganistão vai eleger o próximo Presidente.

Os talibãs já descataram a autoria do ataque. “Já verificámos com os nossos combatentes e eles não estão implicados”, garantiu Zabiullah Mujahid, que a AFP identifica como um porta-voz não oficial dos rebeldes.

Nils Horner estava colocado em serviço em Hong-Kong, mas costumava acompanhar os eventos no Afeganistão. Em 2001, reportou os combates que levaram à queda do regime talibã e, em 2003, deslocou-se em serviço ao Iraque.

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