A Noruega vai ceder a Portugal uma lista das empresas que não utilizam fosfatos no bacalhau. Os governos dos dois países chegaram a um entendimento para que a indústria nacional continue a curar o bacalhau da maneira tradicional: sem aditivos.
Portugal quer continuar a consumir bacalhau sem fosfatos, apesar de ter votado a favor deste aditivo, e a Noruega pretende manter um dos principais importadores deste peixe: a conjugação destes dois fatores levou os governos a assinarem um memorando de entendimento.
O bacalhau continuará a vir como tem acontecido desde há séculos: sem polifosfatos. Os industriais portugueses alegam que este químico, utilizado para reter a humidade, altera as qualidades do alimento (textura, cor e sabor), aumenta o tempo de cura e encarece o produto. Porém, a Comisão Europeia aprovou (em julho) o uso deste aditivo alimentar na conservação do bacalhau e o Parlamento Europeu validou, contando para tal com os votos favoráveis de Portugal.
O uso de fosfatos é permitido a partir do próximo mês, mas Portugal chegou a acordo com a Noruega. O governo norueguês, através do Ministério das Pescas, vai elaborar uma lista com as empresas que mantêm a produção de bacalhau sem fosfatos, que entregará ao homólogo português.
Numa visita a lojas em Lisboa, a ministra do Mar sublinhou a importância deste acordo. “É muito importante para termos garantias acrescidas por parte da Noruega de que vai continuar a vender bacalhau de acordo com a cura tradicional e dá-nos um conjunto atualizado de empresas que não usam polifosfatos”, realçou Assunção Cristas.
O gabinete de imprensa da ministra fez saber que o acordo prevê um período de adaptação: “findos os três primeiros anos da aplicação deste Memorando de Entendimento, os signatários darão especial ênfase à monitorização da conformidade da rotulagem dos produtos da pesca relevantes com os requisitos da UE aplicáveis”.
Foi a “rotulagem” com regras mais apertadas, explicou Assunção Cristas, que levou Portugal a votar favoravelmente a introdução dos aditivos alimentares no bacalhau: “é preciso ter a noção de que estamos num clube de 28, em que a voz de Portugal é ativa, mas é tanto mais eficaz se conseguir transformar uma situação que já vinha fechada e que agora nos é favorável. Não inibimos que outros países comprem bacalhau com polifosfatos, mas era importante garantir que Portugal continuava a ter o método tradicional de cura”.