Economia

Autoridade da Concorrência tem novo presidente, mas faltam os estatutos

pires de limaAntónio Ferreira Gomes tomou hoje posse como presidente da Autoridade da Concorrência, um regulador que mantém os velhos estatutos. O ministro da Economia, Pires de Lima, espera receber a proposta ainda este mês.

A Autoridade da Concorrência (AdC) tem um novo presidente e velhos estatutos. António Ferreira Gomes tomou hoje posse como presidente do regulador, numa cerimónia em que Nuno Rocha de Carvalho foi empossado vogal e na qual marcou presença o ministro da Economia. Foi o próprio Pires de Lima quem revelou aos jornalistas que espera receber, ainda este mês, a proposta de novos estatutos.

“Espera-se que durante o mês de setembro a proposta de estatutos possa chegar ao Ministério da Economia”, salientou o governante, considerando “fundamental” que o Tribunal da Concorrência seja dotado “dos meios adequados e de magistrados qualificados para levar a cabo o exercício da sua missão”.

O novo presidente insistiu na mesma linha, desejando que “os novos estatutos da Autoridade da Concorrência dotem a instituição da necessária autonomia que lhe permita, com independência e qualidade de atuação, o desenvolvimento da sua missão”.

Da concorrência eficaz depende o dinamismo da economia, como reconheceu o ministro: “este é um ponto extremamente sensível, bem sei”. Pires de Lima fez questão de realçar, quando confrontado pelos jornalistas, que o discurso “não implicou nenhum juízo de valor negativo sobre nada daquilo que tem sido a evolução do funcionamento da concorrência”.

“Creio que a nomeação deste novo conselho permite confiar que em Portugal as boas regras da concorrência vão ser especialmente e eficientemente protegidas em nome de uma economia com ética e da defesa do interesse dos consumidores”, argumentou o governante, reforçando: “é óbvio que o ministério da Economia deve estar especialmente atento no sentido de dotar toda a área da concorrência e a própria AdC dos meios e dos recursos necessários para poder exercer as suas funções com diligência e eficiência”.

Para isso, urge apostar na “preparação de juízes e magistrados do Ministério Público e de todos os tribunais em geral em matérias do direito da concorrência e, em particular, do direito europeu da concorrência”, sem esquecer o papel “importante” a desempenhar pelas associações de profissionais especializadas na matéria.

“Os agentes reguladores não podem em qualquer circunstância substituir-se à concorrência sã dos mercados e devem procurar resistir à tentação de criar um sistema demasiado complexo que conduza a proteções corporativas e à ideia de manipulação dos mercados”, afirmou ainda Pires de Lima, alertando para os perigos da AdC “ficar refém de clientelismos e de decisões de operadores já instalados”.

Nesse sentido, a AdC deve atribuir “graus de prioridade diferentes” no tratamento das questões a analisar, recomendou o ministro da Economia, “tomando em consideração as especificidades de cada mercado, necessitando alguns de uma atenção mais constante e de uma intervenção vigorosa em virtude dos enormes custos que representam para a economia e para a sociedade”.

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