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Aumenta tensão entre PS e Cavaco após polémicas acusações contra Sócrates

Cavaco-SilvaA ala mais próxima de José Sócrates reagiu com grande veemência às declarações de Cavaco Silva sobre o antigo primeiro-ministro. O actual secretário-geral do PS, José Seguro, “nem queria acreditar” no que ouvia da boca do presidente da República. Já o histórico Manuel Alegre sublinha que “um ataque pessoal não fica bem a um chefe de Estado”. A tensão política em Portugal está ao rubro.

Cavaco Silva acendeu o rastilho e a política nacional está em polvorosa. As reações não se fizeram esperar. Pedro Silva Pereira, ex-ministro do Governo Sócrates e o braço direito de José Sócrates, foi o primeiro a dar a cara em defesa do ex-primeiro-ministro.

Às palavras de Cavaco, que acusava o José Sócrates de “uma falta de lealdade institucional que ficará registada na história da nossa democracia”, Silva Pereira respondeu acusando o Presidente de ser o “campeão da deslealdade institucional”.

Pedro Silva Pereira afirma mesmo que o “Presidente da República não tem nenhuma espécie de autoridade moral para acusar quem quer que seja de deslealdade institucional”.

E sustenta: “Neste momento, alguém devia recordar ao senhor Presidente da República que ele ainda está em funções”.

Silva Pereira justificou a acusação de “deslealdade institucional” com o caso da “célebre intriga das escutas” em Belém, que classificou como “uma pura invenção de ataque sórdido ao governo em funções”, referindo-se ao primeiro mandato de José Sócrates.

A resposta às afirmações de Cavaco Silva não se ficaram por aqui, face a tão bombásticas declarações.

Carlos Zorrinho, por exemplo,  afirmou “estranhar e lamentar que o Presidente da República tenha escolhido o dia em que faz um ano do primeiro mandato para fazer ajuste de contas com o antigo primeiro-ministro, que é extemporâneo, sem direito ao contraditório”.

Zorrinho defende que este “ajuste de contas” com José Sócrates é feito à margem das “preocupações e prioridades dos portugueses”.

Mais cáustico, José Lello afirma que Cavaco Silva não é confiável para o cargo que desempenha: “Trata-se de um episódio lamentável, em que esta situação protagonizada pelo Presidente da República está longe de demonstrar fiabilidade para a função. Percebo em parte as suas angústias existenciais, quando ele apresenta esta atoarda no momento em que na Assembleia surge a inusitada circunstância de 40 mil cidadãos subscreverem uma petição exigindo a sua demissão”.

A última declaração de Lello é deveras bombástica: “Penso que o Presidente está instável, não está bem, mas se não estiver bem, que se trate”.

Manuel Alegre, o candidato socialista derrotado nas últimas presidenciais, também se pronunciou: “É a primeira vez que vejo um Presidente da República vir ajustar contas com um primeiro-ministro depois de este ter deixado o cargo. É um ajuste de contas, um ataque pessoal que não fica bem à primeira figura do Estado”.

O dia foi movimentado e as declarações do chefe máximo da nação não ficaram indiferentes aos mais variados quadrantes ligados ao PS.

O ex-ministro Vieira da Silva também se pronunciou sobre o assunto e considerou que as afirmações de Cavaco “não contribuem para o reforço da credibilidade institucional da figura do Presidente da República”.

Já ao final do dia, Francisco Assis, uma das figuras emblemáticas do actual PS, lamentou as palavras do Presidente da república e acrescenta:

“Portugal precisa de um Presidente da República forte, com o sentido do equilíbrio institucional, com capacidade para falar com os vários sectores da sociedade portuguesa, e declarações desta natureza fragilizam profundamente o Presidente da República”.

António José Seguro, actual líder do PS, foi o último a responder e, mesmo assim, o tom de crítica não baixou, dizendo mesmo que “nem queria acreditar” quando teve conhecimento das palavras de Cavaco Silva:

“A função do presidente é unir. São palavras sem qualquer sentido e que introduzem clivagem na sociedade civil”.

O líder do PS considerou ainda as palavras de Cavaco como “despropositadas e sem qualquer sentido”.

E concluiu: “Não se pode misturar as leituras pessoais com aquilo que são as funções institucionais, sobretudo quando são exercidas ao mais alto nível”.

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