De acordo com um artigo de opinião do jornal Financial Times, as medidas de austeridade “polarizam” o país, provocando um efeito de união contra o Governo. A oposição ao Governo converge, o que pode conduzir Portugal à ingovernabilidade.

Em dia de manifestações do 1 de Maio, foi publicado um artigo que aborda o cenário de Portugal, que está a ser alvo de políticas de austeridade que “polarizam” o país, gerando um fenómeno de convergência social contra as políticas do Governo.

A austeridade está a deixar o executivo de Passos Coelho cada vez mais isolado, o que poderá agravar-se com novos cortes previstos no Documento de Estratégia Orçamental (DEO), que o executivo apresenta.

O Financial Times abordava o cenário político e social, em dia de manifestações contra o Governo, com as centrais sindicais em convergência, toda a oposição em profunda discordância com as políticas de austeridade e, acima de tudo, uma revolta social em crescendo.

A austeridade está a fortalecer as vozes contra o Governo e vão polarizar o país, colocando o poder numa ilha, isolado, sem apoio do tecido empresarial, sem concertação social, sem consenso com os partidos que assinaram o memorando, sem aceitação social.

O Financial Times salienta também as próprias vozes contra que se fazem sentir dentro do Governo e por parte de proeminentes figuras dos partidos que compõem e coligação – o CDS quer políticas para o crescimento que o Governo timidamente apresenta e quer um combate ao desemprego, que a austeridade não permite.

Numa altura económica débil, com cisões políticas e sem concertação, o Governo tem de aplicar mais cortes, mais austeridade, com necessidade de renegociar despedimentos de funcionários públicos, alerta o Financial Times.