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Apelo para dádivas de sangue em Viseu é falso

Acontece sempre nos casos mediáticos. Um boato é tantas vezes repetido que chega a confundir-se com a verdade. Mas não, o Hospital de São Teotónio, em Viseu, não está a precisar de sangue por causa de ter recebido “dezenas de queimados nas últimas horas”.

O rumor espalhou-se pelas redes sociais como fogo na floresta portuguesa. Até várias celebridades, na ânsia de ajudarem, partilham apelos falsos.

“Urgente! O Hospital de Viseu está a precisar de sangue! Dezenas de queimados deram entrada nas urgências, nas últimas horas”, diz o apelo – falso – que tem viralizado desde ontem.

De imediato, muitos acorreram ao Hospital de São Teotónio, prontos a ajudar. Demasiados, quer para as necessidades (passe a expressão), quer para a capacidade de resposta dos serviços.

“A nossa solidariedade fez com que o Serviço de Sangue do nosso hospital não tenha mãos a medir. Hoje já não é possível fazer colheitas a todos os que se disponibilizaram”, alertava, ontem, a Liga de Amigos e Voluntariado Centro Hospitalar Tondela – Viseu.

“Havia uma fila enorme até ao átrio principal, coisa que nunca seria possível atender só num dia”, acrescentou uma utente, nas redes sociais, explicando que é dadora assídua e revelando que “o hospital tem falta de sangue diariamente todo o ano”.

“Tem muitos doentes oncológicos e outros doentes de cirurgias diárias, sei que recorre a Coimbra para comprar sangue diariamente porque não é autossuficiente. (…) Não se lembrem só em dias de catástrofe. Eram três médicos para consultar os dadores e apenas uma administrativa nas inscrições, o que levou a estarmos muito tempo na fila. Eu estive porque, sinceramente, pensei que fosse mesmo urgente”, acrescentou.

Mas era um boato da internet, daqueles que se propagam à velocidade com que decorrem as tragédias.

Aliás, tornou-se tão viral que o Instituto Português do Sangue e da Transplantação teve de emitir um comunicado oficial: “Nas redes sociais tem-se multiplicado (…) um apelo para a dádiva de sangue, atendendo a um súbito aumento do número de doentes queimados. Cumpre ao IPST informar que (…) as reservas nacionais ascendiam a mais de 15 mil unidades (…), o que traduz uma situação muito distante da necessidade de qualquer apelo”.

É preciso dar sangue, sim, mas regularmente e não porque está a ocorrer uma tragédia.

Ontem, a fila para dar sangue no Hospital de Viseu esteve assim:

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