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Animais do zoo à solta após cheias na Geórgia: Há quem culpe os comunistas

Tbilisi, a capital da Geórgia, é um zoológico. As cheias de ontem mataram 12 pessoas, feriram 36 e deixaram 24 desaparecidos, mas também ‘abriram as portas’ do zoológico, deixando vários animais selvagens à solta. A culpa é “dos comunistas”, acusa a Igreja Ortodoxa.

Já se imaginou a descer a avenida e ver, a olhar para si, um hipopótamo? Pois foi o que aconteceu ontem a vários dos residentes em Tbilisi, a capital da Geórgia.

As cheias provocadas pela chuva inclemente provocou pelo menos 12 mortos e 36 feridos, havendo ainda registos de 24 pessoas desaparecidas.

“A situação é complexa”, reconheceu o primeiro-ministro, Irakli Garibashvili: “Tbilissi nunca tinha vivido uma catástrofe natural desta dimensão”

O cenário tem tendência a piorar com a existência de animais selvagens à solta. As cheias ‘abriram as portas’ do jardim zoológico local e um número incerto de animais conseguiu fugir, como leões, tigres, ursos e lobos.

O registo mais expressivo do incidente é o hipopótamo a ser ‘escoltado’ por populares nas ruas de uma zona comercial, já depois de atingido por um dardo tranquilizante. Mas as fotos de um crocodilo ‘camuflado’ de carro, num parque de estacionamento, e de um urso empoleirado numa estrutura de ar-condicionado de um prédio também se tornaram virais.

Vários animais já foram abatidos, nomeadamente os classificados como perigosos, e as autoridades não hesitaram em impor uma ordem de recolher, numa cidade onde vivem mais de 1,1 milhões de pessoas.

Para além da fauna à solta, está por resolver o problema dos cadáveres, pois os corpos de centenas de animais que se afogaram andam agora à deriva pelas ruas enlameadas.

Só os primeiros relatos indicavam a existência de carcaças de um leão, um javali e um tigre.

“O dia não foi mau, mas é preciso ter muito cuidado porque nem todos os animais foram capturados. Como não foram alimentados estão com fome e podem atacar as pessoas”, afirmou Khariton Gabashvili, um morador de Tbilisi citado por várias agências.

“Cerca de 20 lobos, oito leões, tigres brancos, cães selvagens e jaguares foram abatidos por forças especiais ou estão desaparecidos. Apenas três dos nossos 17 pinguins foram resgatados”, adiantou a porta-voz do jardim zoológico, Mzia Charachidze.

O balanço era ainda provisório, pois vários recintos continuavam inundados, impedindo quantificar os números de animais mortos e em fuga.

Do pouco que se sabe, há quatro leões à solta.

Os responsáveis pelo zoológico lamentam que, perante à dimensão do problema, as autoridades não hesitem em recorrer à força.

“O nosso Shumba morreu. É simplesmente possível que alguém tenha excedido sua autoridade”, desabafou Zurab Gurielidze, o diretor do zoo, referindo-se ao jovem leão branco que foi encontrado morto com um tiro na cabeça.

E a culpa de tudo isto, segundo a Igreja Ortodoxa georgiana, é dos comunistas.

“Quando os comunistas chegaram neste país, eles ordenaram que todas as cruzes e os sinos das igrejas fossem derretidos e o dinheiro usado para construir o jardim zoológico”, recordou o patriarca, Ilia II, citado pela Interfax.

“O pecado não vai passar sem punição. Lamento muito que tenha caído sobre os georgianos um jardim zoológico construído à custa de igrejas destruídas”, concluiu o patriarca.

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