Economia

Alemanha “não é competitiva” e precisa de “reformas”, diz governante português

angela merkelpassos merkelA Alemanha tem de implementar “reformas estruturais” para ganhar competitividade, defendeu, em Berlim, um secretário de Estado português. Para Bruno Maçães, “a fraca produtividade” alemã nos serviços cria “desequilíbrios na economia europeia”.

Um membro do Governo português foi a Berlim defender que a Alemanha precisa de “reformas estruturais”, à semelhança das que a troika – influenciada pelas recomendações da chanceler alemã, Angela Merkel – exigiu a Portugal.

“Parece-me claro que, sobretudo no setor dos serviços, há muitas reformas que a Alemanha precisa de fazer”, afirmou Bruno Maçães, secretário de Estado dos Assuntos Europeus, no fecho do II Fórum Luso-Alemão, em Berlim.

Para além de governante, Maçães socorreu-se da experiência pessoal e profissional de quem viveu quatro anos na Alemanha: a famosa produtividade alemã não atinge, nos serviços, o nível da portuguesa.

“Todos sabemos a força do setor industrial alemão”, conhecido pelas empresas “extremamente competitivas nos mercados globais e extremamente inovadoras”, mas nos serviços o país de Merkel “não é competitivo do mesmo modo”, reforçou Bruno Maçães.

Daí que a Alemanha precise de “muitas das reformas estruturais” que Portugal foi obrigado a implementar desde o início do resgate, complementou.

Como exemplos dos problemas que afetam a competitividade alemã nos serviços, o governante referiu “as barreiras à entrada de novos competidores, a resistência à concorrência, os obstáculos de regulação, a fraca produtividade de firmas de advogados e farmácias”.

“Isso cria desequilíbrios na economia alemã e na economia europeia”, argumentou Bruno Maçães, salientando que “um setor de serviços mais aberto e competitivo teria mais investimento, mais empresas novas, o que levaria os trabalhadores menos qualificados do setor industrial a mover-se para o setor dos serviços”.

“O setor industrial alemão subiria na cadeia de valor e países como Portugal teriam oportunidades em atividades onde a indústria alemã deixaria de operar. A produtividade subiria na Alemanha e em Portugal”, defendeu o membro do Governo português.

Maçães defendeu um “espaço de comunicação livre e aberto” na União Europeia: “não se trata de criar políticas públicas comuns, mas de criar um espaço onde as diferentes políticas públicas estejam em consideração”.

“Eu não acredito num Estado comum europeu nem em Estados que vivem separados na sua soberania”, frisou o governante, explicando que o objetivo da medida seria “garantir que a reforma estrutural da economia europeia é feita em conjunto”.

Trata-se, no fundo, de “adotar uma lógica preventiva: até agora, as reformas estruturais são feitas numa situação de emergência ou então são adiadas permanentemente”.

“Os custos têm de ser partilhados porque as vantagens, numa economia integrada, serão partilhadas”, complementou Bruno Maçães, insistindo que tal mecanismo “tem de funcionar numa lógica de responsabilidade coletiva”, ou seja, à escala de uma verdadeira união europeia.

Em destaque

Subir