Economia

Alemanha: Excedentes acima das regras de Bruxelas podem originar investigação

olli rehnolli rehn bigA Alemanha está com um crescimento tão forte que se torna no principal adversário da retoma europeia. A Comissão Europeia está preocupada com os excedentes comerciais e as contas correntes dos alemães e ameaçar abrir uma investigação.

Se a Alemanha é o motor da Europa, o resto do veículo tem de ir para a oficina. A economia germânica está tão forte que ameaça rebentar com as restantes parceiras da União Europeia, sobretudo das que integram a união monetária. A Comissão Europeia (CE) considera que os excedentes comerciais da Alemanha estão a desequilibrar o mercado comunitário e ameaça abrir uma investigação.

Nas contas de Bruxelas, as contas correntes da Alemanha rondam os sete por cento do PIB, apesar das recomendações para não ultrapassar o teto máximo de seis por cento. Nos próximos dois anos, o indicador deverá situar-se nos 6,6 e nos 6,4 por cento. Um efeito semelhante ocorre na balança comercial, com as previsões para os três anos em causa (de 2013 a 2015) a nunca ficarem abaixo dos seis por cento.

Isto significa que a Alemanha está a crescer às custas das restantes economias do euro, em especial das mais vulneráveis e, sobretudo, das que foram obrigadas a pedir um resgate: se os alemães têm sido o país que mais empresta, também é o que mais tem recebido e vai continuar a receber em juros. A Alemanha é, assim, o principal obstáculo para a retoma europeia, considera a CE.

O limiar de seis por cento do PIB durante três anos seguidos foi definido por Bruxelas como um sinal da existência de desequilíbrio macroeconómico, o qual deve ser corrigido no imediato para que não desestabilize toda a zona euro. Nesse sentido, a CE ameaça avançar, já na próxima semana, com uma investigação sobre os excedentes comercias e as contas correntes da Alemanha.

Caso concretize a ameaça, Bruxelas terá de fazer uma recomendação formal ao Governo alemão para ‘esbanjar’ dinheiro. A economia alemã será ‘convidada’ a um aumento dos salários, que têm sido mantidos em baixo para assegurar a competitividade das exportações, o que tornará o país menos dependente dessa capacidade de exportação.

Sem confirmar a abertura da investigação, o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, Olli Rehn, instou o Governo germânico a corrigir “o que bloqueia o crescimento da procura interna”. “Se a Alemanha e a França aplicarem juntos as recomendações, prestarão um grande serviço ao resto da zona euro e ao crescimento e ao emprego”, complementou.

Na resposta, o Governo de Merkel insistiu que a Alemanhã não apresenta desequilíbrios que precisem de ser corrigidos, salientando os aumentos “robusto” dos salários, do consumo das famílias e do investimento.

Os benefícios serão sentidos de imediato por países como Portugal, Grécia e até Espanha e Itália: os alemães, com um aumento do rendimento, farão aumentar as importações, o que permitirá a transferência do dinheiro dos excedentes para as economias mais deficitárias, contribuindo para a retoma da zona euro como uma união.

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