Nas Notícias

ADSE tem problema de envelhecimento que não se resolve cortando preços

Os hospitais privados consideram que a ADSE vive um problema de envelhecimento dos seus beneficiários, que não se resolve cortando nos preços a pagar aos prestadores, já “significativamente abaixo” do que é pago por outras entidades.

A Associação Portuguesa de Hospitalização Privada está a realizar um estudo sobre a sustentabilidade do subsistema de saúde dos funcionários públicos, ainda sem conclusões definitivas, mas que aponta para “um envelhecimento muito significativo do universo dos beneficiários”.

Em entrevista à agência Lusa, o presidente da Associação, Óscar Gaspar, deu o exemplo dos utilizadores dos hospitais privados: cerca de 18 por cento do total das pessoas que recorrem aos privados têm acima de 60 anos, mas esta proporção sobe para 38 por cento no caso dos beneficiários da ADSE.

“A estrutura etária da ADSE é mais pesada e isto tem de ser acautelado, exige um esforço grande e estudos muito sérios sobre a sustentabilidade”, afirmou, acrescentando que o estudo da associação que dirige deverá estar concluído dentro de algumas semanas e será entregue à ADSE e aos Ministérios da Saúde e das Finanças.

Por isso, sublinha que “é um erro” julgar que “se resolve” esse problema “cortando no preço a praticar aos privados”.

Óscar Gaspar entende que o subsistema tem sido sustentável até hoje, embora avise que “no médio e longo prazo” possa haver problemas, decorrentes não só do envelhecimento, que leva ao aumento da procura de cuidados, como ao aumento da despesa em saúde que se verifica em todo o sistema, seja público ou privado.

Os hospitais privados reconhecem que “nalgumas áreas” há um consumo de cuidados e recursos de saúde que é superior entre os beneficiários da ADSE, mas entende que isso pode estar precisamente relacionado com a “média etária mais elevada”.

“A análise sobre a pirâmide etária é muito clara, é uma evidência. Fica também claro [no estudo] que o preço que é praticado [pelos privados] à ADSE não está desalinhado. O preço pago pela ADSE está significativamente abaixo. Em consultas de especialidade, ninguém paga menos do que a ADSE”, afirmou à Lusa.

Aliás, o responsável avisa que há limites para os preços a praticar, havendo mesmo casos em que o valor atribuído a um ato “fica abaixo do preço de custo”.

Óscar Gaspar não descarta a necessidade de estudar um eventual consumo sobredimensionado de cuidados por parte dos beneficiários da ADSE e garante que os privados “não querem aumentar o fator quantidade”.

Em destaque

Subir