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A lei que proíbe animais nos circos foi, para Miguel Chen, ditada por “lóbis”

golfinhos2 Desde outubro de 2009 que os circos não podem adquirir novos animais. Num balanço aos cinco anos da lei, o responsável pelo Circo Chen aponta o dedo aos “lóbis” que atacaram os circos, “os elos mais fracos”, e deixaram em vigor “as touradas” e as atuações com “golfinhos”.

Uma portaria publicada em Outubro de 2009 proibiu os circos de adquirirem novos animais e de permitirem a reprodução dos que já possuíam, mas deixou prosseguir as touradas e os espetáculos de parques aquáticos com golfinhos. Para Miguel Chen, o responsável pelo Circo Chen, tentar lutar contra esta situação é como ir para uma guerra com “pistolas de água”.

“De início, eram os maus tratos aos animais. Depois de 34 anos que tenho animais, nunca ninguém provou nada. Agora, já não têm esse argumento. Animais maltratados é mentira. Aprovaram a lei porque os circos são os elos fracos nestas situações, os poderosos juntam-se aos poderosos”, afirmou Miguel Chen, em declarações à agência Lusa.

Para sustentar a acusação, o dirigente circense apontou o dedo às touradas e outros espectáculos: “Nós gostávamos também de nos juntar aos poderosos. A questão das touradas? Nós somos pró touradas, temos de ser tratados é como são tratadas as touradas. Vivam as touradas, eu gosto de touros. E será que os golfinhos não são animais? Ou será que são só animais os do circo?”

Lamentando que a lei tenha sido imposta pelos “lóbis montados” que viram nos circos “os elos mais fracos”, Miguel Chen lamentou a impotência perante uma lei que considera injusta: “Não vale a pena fazer guerras com pistolas de água contra quem tem metralhadoras”.

O dirigente frisou que “pode contar 40 histórias” sobre a alegada diferença de tratamentos, mas não vale a pena quando o importante é ter dinheiro, pois só assim é que uma lei “vai para a frente”. “Quem não tem fica para trás”, como tem acontecido com os circos.

Isto porque, para além da lei sobre os animais de circo, o Circo Chen já teve problemas em “trabalhar em certas autarquias”, que “não facilitam a vida” e chegam, em alguns casos, a recusar a autorização após terem cobrado 225 euros pelo pedido.

“O negócio está difícil para todos, porque a crise é para todos e o espetáculo recebe os últimos tostões. O circo dá para viver, para enriquecer não dá, mas também não sabemos fazer outra coisa. Não há outra opção, a gente do circo nasceu no circo e quase toda vai morrer no circo”, acrescentou.

O Circo Chen chegou a ter quase meia centena de animais, incluindo um rinoceronte e um bisonte. Após a lei de outubro de 2009, que autoriza o uso de animais que já faziam parte da estrutura, continua a exibir sete tigres, alguns dromedários e cavalos. Em mais de duas horas de espetáculo, diz Miguel Chen, os animais atuam sete minutos.

“É pena, porque muita gente gosta de animais na pista” e “90 por cento das pessoas pergunta se há animais”, insistiu o empresário circense, deixando um apelo: “Deixem que as pessoas decidam de sua vontade”.

Afinal, a presença de animais nos espetáculos circenses remonta a 1770 e, continuou Miguel Chen, em 1514, a embaixada que D. Manuel I enviou ao papa Leão X ficou para a história por incluir um cavalo árabe e um elefante.

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