Ciência

GJ 1132b, o único planeta rochoso com atmosfera visto em 20 anos

Entre os cerca de 2000 planetas já descobertos há só dois que são rochosos e têm uma atmosfera: a Terra e o GJ 1132b. São os dois fatores essenciais para se procurar a existência de vida fora do nosso planeta, explicaram os cientistas, incluindo dois portugueses.

Sim, porque há dois cientistas nacionais a trabalhar na equipa que descobriu o GJ 1132b, apresentado ontem na revista Nature.

A importância do novo planeta ter uma atmosfera também pode ser resumida: se houver processos biológicos, as ‘provas’ estarão nas moléculas presentes na atmosfera. É como perguntar se há vida no GJ 1132b.

Neste ponto é fácil de entender o entusiasmo que a descoberta deste planeta provocou. Primeiro por ser rochoso (como Mercúrio, Vénus e a Terra) e não gasoso (como Júpiter e Saturno, por exemplo), depois por ter atmosfera, condição essencial para que haja vida.

Basta salientar que, entre os cerca de 2000 planetas fora do sistema solar (os exoplanetas) descobertos desde 1985, só existe um que, tal como a Terra, é rochoso e tem atmosfera: o GJ 1132b, que fica a 39 anos-luz de distância.

Mas as semelhanças acabam aí: enquanto o nosso planeta orbita o Sol, o GJ 1132b orbita uma anã vermelha, um tipo de estrela bem mais pequena (e por isso menos quente) do que a nossa: tem 20 por cento do tamanho do Sol.

Só assim se percebe como este exoplaneta, que tem 1,6 vezes a massa e 1,2 vezes o diâmetro da Terra, consegue ter uma atmosfera: está a apenas 2,2 milhões de quilómetros da estrela, enquanto o primeiro planeta do sistema solar, Mercúrio, dista 55 milhões e é gasoso por ser tão quente. Vénus (o segundo) já é rochoso, mas ainda demasiado quente para ter atmosfera.

“Este planeta será um alvo favorito dos astrónomos durante anos”, antecipou Zachory Berta-Thompson, um dos autores do artigo publicado na Nature e investigador do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (EUA).

“Calcula-se que a temperatura do planeta estará apenas entre 135 e 305 graus Celsius. Esta temperatura é muito mais baixa do que a de qualquer outro exoplaneta rochoso conhecido”, frisou o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), também em comunicado.

É no IA que trabalha Nuno Santos, um dos dois portugueses que apresentou o novo planeta na Nature. O outro é Vasco Neves, que trabalha no Brasil.

Refira-se que o HD219134 mantém-se como o exoplaneta rochoso mais próximo da Terra, ‘só’ a 21 anos-luz de distância, mas não tem condições para ter vida: as temperaturas devem rondar os 700 graus.

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