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“Desenhar bonecos a ser sodomizados” é a resposta de Unas a Gustavo Santos

rui unas Uma das mais irónicas respostas ao comentário de Gustavo Santos veio de Rui Unas. O humorista distanciou-se da opinião polémica do orador, mas lembrou que todos têm o direito à liberdade de expressão, mesmo que seja para “dizer disparates ou desenhar bonecos a ser sodomizados”.

A opinião de Gustavo Santos sobre o atentado contra o jornal Charlie Hebdo, em Paris, que provocou 12 mortos, continua a gerar reações. Outras figuras públicas também estão a comentar o comentário do orador e escritor.

Uma das críticas mais violentas veio de Rui Unas, que usa o humor – mais suave do que o celebrizado pelo Charlie Hebdo – para desconsiderar a opinião de Gustavo Santos.

“Por um lado ‘Je ne suis pas Gustavo Santos’ porque não concordo em nada do que disse e acho que foi muito infeliz no seu post”, começou por referir Unas, também no Facebook, a rede social utilizada pelo orador para o polémico comentário.

“Por outro ‘Je suis Gustavo Santos’ porque a mesma liberdade que foi atentada em Paris é aquela que lhe assiste (e felizmente a todos os que vivem em paises decentes) para se expressar… seja a dizer disparates ou a desenhar bonecos a ser sodomizados…”, complementou Rui Unas.

“Desrespeito pelas crenças dos outros”

Recorde-se que, no Facebook, o orador e escritor criticou indiretamente os cartunistas assassinados por fazerem “carreiras a ridicularizar a verdade de quem não conhecem de lado nenhum”, acrescentando que o Charlie Hebdo ganhou fama a “gozar sistematicamente com convicções alheias”.

“Liberdade de expressão é uma coisa, desrespeito gratuito e egóico pelas mais altas crenças dos outros, sejam elas quais forem, é outra. Infelizmente, um e outro ponto colidiram hoje. Que uns sejam apanhados e severamente julgados pelo que fizeram e que outros, os que tiveram sorte e ficaram, assim como tantos outros que fazem carreiras a ridicularizar a verdade de quem não conhecem de lado nenhum, aprendam alguma coisa com isto!”, escreveu Gustavo Santos.

O comentário prosseguiu: “Opinar sim, questionar também, agora gozar sistematicamente com convicções alheias é que me parece despropositado. Além disso, sempre que desrespeitamos alguém desta forma, estamos a trazer uma potencial ameaça para a nossa vida!”.

O artigo gerou mais de 2600 comentários, na grande maioria a criticarem a opinião do orador e escritor, e tem quase 1200 partilhas.

“Dizer que o jornal se pôs a jeito por causa dos cartoons é o mesmo que dizer que uma mulher que use minissaia na rua quer ser violada” é um dos comentários com mais gostos: soma mais de 1500.

A polémica foi tanta que, apenas três horas depois, Gustavo Santos publicou novo texto: “Bem, depois de uma corrente tão inesperada de ofensas e outras interpretações, venho reforçar a minha ideia no sentido em que, naturalmente, não defendo qualquer atitude de terrorismo ou de violência. O mundo inteiro sabe que desafiar radicais e gente que não tem medo de morrer, cuja vida vale menos do que aquilo em que acredita, é uma tremenda ameaça”.

“Este jornal já tinha sofrido um atentado, acontece que desta vez, e infelizmente, culminou no pior cenário possível. Nada justifica a ceifa de vidas humanas em prol de uma crença religiosa. Que as famílias se reergam e que os responsáveis por este ato hediondo sejam devidamente punidos. Apenas isto”, concluiu.

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