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36.º Congresso do PSD, ou passividade social-democrata?

Rafael Monteiro

Se alguém julga que o 36.º Congresso do PSD, intitulado “Compromisso Reformista” (como a moção de estratégia global apresentada por Passos Coelho), foi o reflexo das críticas pré-Congresso, engane-se. Estavam todos lá, fosse para intervir, para apresentar uma moção, para assistir, ou, pura e simplesmente, para conviver “politicamente”. Quem não estava, é como diz Passos Coelho, “só faz falta quem cá está”. ​O Congresso serviu para clarificar três pontos principais, dois óbvios, e um tácito, mas claro e mediático. O primeiro foram as autárquicas de 2017, qual horizonte inalcançável dos receosos militantes, tal é o medo em não ganhar mais autarquias para o PSD, ou, quiçá, até perder mais algumas. Deste tema falaram quase todos os intervenientes, uns mais avidamente, outros de forma mais prosaica (não fossem os “barões” a salvação das autarquias sociais-democratas), embora todos tenham concordo num aspeto: é preciso começar já a luta política, ou então, “lix(a)mo-nos mesmo”.

O segundo ponto, não explícito, embora muito falado, é a infame solidão do líder do PSD, qual noiva deixada no altar. Nada mais falso, está claro. Não é porque parcas e fracas vozes (como se percebeu no Congresso) se opõem a um líder que nas eleições internas ganhou com mais de 95% dos votos dos militantes, que conseguiu mais quatro mil militantes para o Partido, após sair do Governo, ou que conseguiu eleger a sua lista ao Conselho Nacional com 79,8% dos votos (ok, menos que nas eleições anteriores, mas não obstante em clara supremacia), que estas devam ser ouvidas, quando os factos são tão claros: Passos Coelho não está sozinho, e a sua posição política encontra-se bem e de  boa saúde, muito obrigado.

O terceiro ponto, esse, é constante e viu-se no Congresso, tal como se vê no Parlamento: a oposição ao Governo não cede, não falha e deve ser mantida, ou não fosse o PSD O partido da oposição. Claro que é fácil criticar quem tudo “pede” e não paga a conta, mas deixa para os outros que ficam “à mesa” pagarem (o Povo Português, por exemplo). É a “política do faz de conta” como estratégia governamental…faz de conta que não há falta de dinheiro, faz de conta que não há crise, faz de conta que fica tudo bem, faz de conta que não são os portugueses que terão de pagar, típica ilusão esquerdista. Nisto, o 36º Congresso demonstrou unanimidade entre os militantes, é preciso não baixar os braços e continuar a lutar contra as incongruênciasde Esquerda. Mas com calma, sem pressas, de forma bem estruturada, uma vez que não há “eleições à vista”. Estaestratégia Passista, para os próximos quatro anos, ficou clara: “Keep cool” que já lá vamos.

Enfim, o Congresso não serviu para planear um golpe de Estado, nem deve servir para isso. Serviu, isso sim, para aprovar a moção de estratégia global e as 27 estratégias temáticas (todas aprovadas por larga maioria). Mas não só, serviu, também, para reforçar a posição do Partido Social-Democrata, que embora tendo por base um passado recente, não deixa de representar um facto histórico: o PSD foi o único partido a vencer eleições sem constituir Governo, e é o único partido capaz de evitar o que aí vem. Objetivo esse que pouco ou nada tem de passivo, muito pelo contrário.

Não podia terminar este texto de opinião sem salutar as mudanças no feminino da direção do Partido. Maria Luís Albuquerque, Sofia Galvão e Teresa Morais são os novos reforços para esta “época”. E que “época” interessante será.

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