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Um em cada três trabalhadores em risco de ‘burnout’

Um terço dos trabalhadores que participaram no estudo da Deco estão em risco de esgotamento profissional e cerca de metade queixa-se da falta de apoio dos supervisores em situações de maior stress.

Segundo um estudo da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), que será publicado na edição de outubro da revista Teste Saúde, os profissionais em maior risco de desenvolver crises de ‘burnout’ (esgotamento) são os empregados de lojas e supermercados (43 por cento), profissionais de saúde (não médicos, 39 por cento) e quem trabalha em serviços administrativos (37 por cento) ou em profissões ligadas ao ensino (28 por cento).

No estudo da Deco, que envolveu 1.146 trabalhadores entre janeiro e fevereiro deste ano, cerca de metade dos inquiridos queixaram-se da falta de apoio por parte dos supervisores em situações de stress e um em cada quatro por parte dos colegas.

Três em cada dez trabalhadores afirmaram-se emocionalmente cansados do trabalho mais de uma vez por semana e 35 por cento revelaram sentir-se exaustos com a mesma frequência.

“Em 11 por cento dos casos, o cansaço surge todos os dias, logo de manhã, perante a perspetiva de mais uma jornada de trabalho. Diário é também o stress laboral para 14 por cento. Contudo, a maioria dos inquiridos considera que desempenha bem as suas funções profissionais”, refere o estudo.

“Quando a pressão se torna excessiva, difícil de gerir e se prolonga no tempo, pode transformar-se em stress crónico e afetar a vida pessoal e familiar, a saúde e, claro, o desempenho profissional”, recorda a Deco, sublinhando que “22 por cento dos inquiridos que tomaram medicamentos para combater o stress indicaram um período mínimo de tratamento de três anos”.

De entre as explicações para o descontentamento com o trabalho, destacam-se o conteúdo das próprias funções, que os trabalhadores vislumbram como uma (im)possibilidade de progressão na carreira, e a (má) relação com os superiores hierárquicos.

Dos que sentem falta de apoio dos patrões ou supervisores em momentos de stress, 50 por cento estão em risco de ‘burnout’. Apenas 19 por cento dos que se dizem apoiados se encontram na mesma situação.

“De falta de auxílio, mas do departamento de recursos humanos, queixam-se 71 por cento dos inquiridos. Destes, 47 por cento apresentam sinais de stress crónico (quando há apoio, apenas 12 por cento estão em risco)”, refere o estudo.

Em 77 por cento dos casos, os inquiridos são trabalhadores ditos efetivos, isto é, com contrato a termo incerto, e três quartos trabalham total ou parcialmente na área em que se especializaram em termos profissionais ou académicos. Dos que têm formação superior, 81 por cento exercem funções na sua área de especialização.

Contudo, recorda a Deco, “a diferença entre trabalhar ou não na área de especialização parece não se refletir nos números do ‘burnout'”: 30 por cento dos que exercem funções na sua área estão em risco, contra 33 por cento dos que não o fazem.

Cerca de um terço dos inquiridos revelou que a profissão afeta negativamente a sua qualidade de vida e 35 por cento afirmaram o mesmo em relação à saúde.

No entanto, segundo o estudo, quem segue um estilo menos saudável, isto é, quem fuma, consome álcool, recorre a drogas ilícitas ou dorme menos de seis horas por dia parece em maior perigo de ‘burnout’ do que quem tem hábitos de vida mais saudáveis.

Cerca de um quinto dos inquiridos afirmou ter tomado medidas contra o stress nos últimos cinco anos. A maioria (78 por cento) tomou medicamentos, 55 por cento optaram pela prática de exercício físico e 26 por cento, pela psicoterapia.

Na falta de uma evidência forte sobre a eficácia das intervenções para prevenir e tratar o ‘burnout’, o estudo refere:”Dos empregadores, espera-se que aliviem um pouco a válvula da pressão laboral, através de ambientes mais participativos, que deem ao trabalhador maior sensação de segurança, controlo e recompensa”, e aos trabalhadores recomenda-se que identifiquem os fatores de stress e, se possível, discutam com os supervisores a possibilidade de os contornar ou tornar mais leves”, além de tentarem desempenhar atividades de que gostem fora do meio laboral.

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