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Roland Berger negoceia com governos e Europa solução para a Grécia

grecia_criseA consultora alemã Roland Berger está a negociar com Governos e autoridades europeias a constituição de um fundo com 125 mil milhões de euros de ativos gregos e a sua venda à União Europeia (UE), para baixar a dívida sem recorrer a uma reestruturação.

A empresa, que também colabora com o Governo português em áreas como a energia e a construção, elaborou a proposta por iniciativa própria, mas fonte da empresa adiantou à Agência Lusa que os seus responsáveis têm estado a reunir-se com os Governos europeus e com as próprias instituições europeias para apresentar e discutir a proposta.

A mesma fonte não quer adiantar especificamente com quem a consultora está a ter reuniões, explicando que “as negociações com os governos europeus e instituições são muito delicadas”.

A solução passa pela constituição por parte do Governo grego de uma holding (com várias subsidiárias) dotada com 125 mil milhões de euros de ativos (divididos por tipo de ativo), que seria vendida à UE pelo mesmo valor.

Os 125 mil milhões de euros de fundos que a Grécia receberia seriam utilizados para a recompra (amortização) dos títulos de dívida publica detidos atualmente pelo Banco Central Europeu (BCE) e na amortização das obrigações emitidas pelo Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FFEF) para financiar a Grécia, o que segundo a Roland Berger permitiria reduzir o rácio de dívida pública grega de 145 para 88 por cento do PIB e também reduzir o risco para os contribuintes associado a perdas do BCE com dívida grega.

A consultora propõe também que as autoridades gregas invistam 20 mil milhões de euros a reestruturar ativos a privatizar, de forma a maximizar o valor de venda no futuro, e que acrescente este investimento a mais 8 por cento do PIB grego em estímulos à economia.

O estímulo à economia aliado aos 20 mil milhões de euros para a reestruturação de ativos a privatizar, calcula a consultora, permitiriam reverter o ciclo de crescimento económico grego de uma recessão de 5 por cento para um crescimento em igual valor, do qual resultaria um aumento da receita fiscal na ordem dos 4 por cento do Produto Interno Bruto.

A amortização de dívida, por sua vez, ainda de acordo com os cálculos da Roland Berger, permitiria à Grécia reduzir em 50 por cento os encargos com dívida pública (juros principalmente), que beneficiaria também de um hipotético aumento do ‘rating’ do país.

Assim, o plano passava por utilizar as receitas da venda dos ativos e possíveis receitas adicionais para reduzir obrigatoriamente o rácio de dívida ao ritmo de um ponto percentual do PIB por ano.

A Roland Berger considera que a redução da dívida pública grega de 145 por cento para 88 por cento do PIB permitiria uma subida no seu ‘rating’ sem qualquer tipo de reestruturação de dívida, reduzir a exposição do BCE à dívida grega, reduzir os custos associados aos seguros contra incumprimento da dívida grega (os ‘Credit Default Swaps’) e assim continha a especulação em torno do euro.

Os líderes das finanças europeias estão no Luxemburgo para discutir a crise da dívida que afeta a zona euro, sendo a Grécia um dos assuntos mais quentes, numa altura em que os próprios líderes gregos admitem que o défice orçamental no final deste ano vai falhar as metas acordadas com a ‘troika’, e atingir os 8,5 por cento do PIB, ao invés dos 7,6 acordados.

A Comissão Europeia já reconheceu que estes objetivos não devem ser alcançados, numa altura em que também a decisão sobre nova tranche do empréstimo está por tomar, tal como um novo programa de ajuda à Grécia está por decidir. As autoridades gregas admitem já que a dívida grega chegue aos 170 por cento no próximo ano, e mesmo que superem os 160 por cento no final deste ano.

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