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Recuperado testemunho do horror nazi em Auschwitz

Uma mensagem deixada em 1944 por um prisioneiro de Auschwitz foi agora recuperada na íntegra. O texto de Marcel Nadjar, é um emocionante testemunho do horror nazi, que reduzia “um ser humano a 640 gramas de cinzas”.

Um ano antes da libertação do complexo nazi de Auschwitz-Birkenau, o prisioneiro Marcel Nadjar escreveu um testemunho que guardou numa garrafa, que enterrou na floresta ao lado do campo da morte.

“Os corpos eram levados para os fornos dos crematórios, onde um ser humano ficava reduzido a 640 gramas de cinzas”, revelou este prisioneiro, num registo para a eternidade do Holocausto.

A mensagem não resistiu ao tempo. Quando a garrafa foi encontrada, em 1980, só cerca de 15 por cento permanecia legível.

Quase quatro décadas depois, um grupo de cientistas conseguiu recuperar entre 85 a 90 por cento da mensagem de Marcel Nadja, adianta o jornal Deutsche Well.

“Todos aqui sofremos coisas que a mente humana não pode imaginar”, escreveu, dando um exemplo: “Debaixo de um jardim, há dois quartos subterrâneos no porão. Um serve para despir os prisioneiros, o outro é um câmara de morte. As pessoas entram nuas e, quando o espaço está cheio, com cerca de 3000 pessoas, é fechado e todos são asfixiados com gás”.

Marcel Nadja foi um dos milhares de prisioneiros forçados a trabalhar nos ‘sonderkommandos’, que tinham como uma das funções limpar os crematórios.

“Meia hora depois, tínhamos que abrir as portas” das câmaras de gás, descreveu. “Os corpos eram levados para os fornos dos crematórios, onde um ser humano ficava reduzido a 640 gramas de cinzas”.

Nos fornos, os cadáveres (de prisioneiros executados a tiro ou que morriam por doença ou exaustão) eram empilhados “como sardinhas em lata”.

“Se lerem aquilo que fizemos, vão questionar como foi possível enterrar os nossos amigos judeus. Isso foi o que pensei ao início e penso muitas vezes”, confessou o prisioneiro, um dos poucos que sobreviveu para ser libertado pelo Exército Vermelho.

Marcel Nadjari nasceu em 1917, em Tessalónica (Grécia), de onde foi deportado em 1944. Após a libertação voltou à Grécia, mas em 1971 emigrou para os EUA, onde morreu em 1971.

Até hoje, foram encontrados nove documentos sob a temática da vingança, escritos por cinco prisioneiros no complexo de Auschwitz-Birkenau.

“Não estou triste por morrer, mas fico triste por não poder me vingar como gostaria”, admitiu Marcel Nadjari.

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