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Quebra de 90 por cento na colheita força abertura da feira da Lousã a mel sem certificação

As produções de mel DOP Serra da Lousã sofreram este ano uma quebra de 90 por cento, o que justifica a abertura da próxima feira do setor na Lousã a apicultores locais sem certificação, disse hoje um dos organizadores.

“A escassez de mel” com denominação de origem protegida (DOP) levou a organização da Feira do Mel a admitir novamente produtores que disponham de algum mel da região demarcada, “ainda que não certificado”, disse hoje à agência Lusa o presidente da Cooperativa Lousãmel, António Carvalho.

Excecionalmente, o mel da Serra da Lousã sem o selo DOP poderá ser comercializado no espaço do evento, que decorre geralmente no Parque Municipal de Exposições, “desde que em frascos normalizados e devidamente rotulados”, esclareceu.

A Feira do Mel e da Castanha da Lousã, no distrito de Coimbra, que tem este ano a sua 29.ª edição nos dias 16, 17 e 18 de novembro, é uma iniciativa da Câmara local, em parceria com a Lousãmel, que nos últimos anos limitou as inscrições à venda do mel de urzes com DOP Serra da Lousã.

“Este foi um ano muito mau, com apenas 10 por cento da produção de 2017. Temos associados com 90 por cento de perda, ou até mais nalguns casos”, declarou António Carvalho, que está nesta atividade há cerca de 40 anos.

Em cada cresta, realizada normalmente entre julho e agosto, o presidente da Lousãmel costumava colher em média 1.500 quilos de mel nos seus apiários, mas este ano conseguiu apenas 220 quilos.

Devido à irregularidade climatérica deste ano e à devastação do coberto vegetal autóctone pelos fogos de 2017, “a produção é insignificante e será para os apicultores irem à feira, pouco mais”, lamentou.

O processo de certificação “tem custos muito grandes” e os produtores com pequenas quantidades de mel optam por não formalizar o pedido.

Só que a Feira do Mel e da Castanha “é um marco na região”, há quase três décadas, para os produtores do mel DOP Serra da Lousã.

“Tenho pedido aos apicultores para, dentro do possível, certificarem na mesma o seu mel”, a fim de participarem na feira regional, disse António Carvalho.

A Câmara da Lousã deverá “ajudar os associados do concelho” nas despesas de certificação.

Desde 2015, a fim de preservar a qualidade e incentivar a certificação, a autarquia liderada por Luís Antunes tem concedido à Lousãmel um subsídio anual de 1.000 euros, que a instituição depois distribui pelos sócios do concelho.

Num esforço da organização para enfrentar a baixa produção de mel na região, a Feira da Lousã, em novembro, será igualmente aberta a mel nacional “de outras DOP”, adiantou o presidente da Lousãmel.

Com mais de 450 associados, a cooperativa, em representação do Estado, assume a gestão da DOP Serra da Lousã, que abrange 10 municípios: Arganil, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Penela e Vila Nova de Poiares, nos distritos de Coimbra e Leiria.

No ano passado, os incêndios na região queimaram milhares de colmeias e destruíram extensas áreas florestais onde há séculos predominavam os urzais, cujas flores estão na base das características únicas do mel DOP.

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