Perito arrasa plano ferroviário gabado pelo Governo
O Governo apresentou o Plano Ferrovia 2020, prometendo investir mais de 2000 milhões de euros numa rede ferroviária que, de acordo com um especialista, peca pela “ausência do conceito de rede”.
Em entrevista à Renascença, Manuel Tão, especialista em redes ferroviárias, não poupou críticas ao Plano Ferrovia 2020.
O que era suposto ser uma rede “não vai solucionar o problema”, uma vez que o projeto “concentra-se num eixo que vai de Braga a Faro, com um ou outro corredor transversal”.
“Falta estratégia que nos ligue à Europa, que nos aumente a competitividade económica e que dê ao interior do país, a esperança que lhe falta”, insistiu o professor universitário.
Manuel Tão não encontra no Plano Ferrovia 2020 nem “a integração do sistema ferroviário português nas redes transeuropeias”, nem a articulação “com qualquer tipo de valorização do território e de valorização do interior”.
Serão mais de 2000 milhões de euros a gastar em mil quilómetros de linha sem qualquer “mais-valia”, alertou o especialista.
Durante três décadas, Portugal desinvestiu da ferrovia em prol das autoestradas, um modelo “esgotado e ultrapassado”. A rede ferroviária perdeu a competitividade e quando a podia ter recuperado, em 2006, o projeto foi travado.
Agora, o Governo anunciou o Ferrovia 2020, destacando as ligações com Espanha e a modernização dos principais eixos ferroviários.
“Nada do que está a ser anunciado para a ferrovia portuguesa vai solucionar o nosso problema”, garantiu Manuel Tão.