Mundo

Mais de 3000 portugueses adquiriram a nacionalidade britânica desde o referendo do Brexit

Mais de três mil portugueses adquiriram a nacionalidade britânica desde o referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia, em junho de 2016, de acordo com estatísticas oficiais.

As estatísticas, consultadas hoje pela Lusa, mostram que nos últimos dois anos, o número de passaportes britânicos emitidos a nacionais portugueses quase triplicou, de 165 no terceiro trimestre de 2016 a 463 no terceiro trimestre de 2018, indicam os números do ministério do Interior britânico.

A média do número de naturalizações britânicas de portugueses no Reino Unido rondava as 500, entre 2004 e 2016, mas disparou para 1.234 em 2017, um aumento de 84 por cento face às 672 contabilizadas no ano anterior, em 2016.

A residência no Reino Unido foi a razão para mais de metade das naturalizações britânicas de portugueses concretizadas no ano passado (669), enquanto que mais de um terço resultou do registo de crianças (353).

Estes dados acompanham a tendência de naturalizações feitas por cidadãos europeus, sobretudo os países que aderiram à União Europeia (UE) antes de 2004, que passaram de 6.786 em 2016 para 15.468, um aumento de 128 por cento.

Para conseguir a nacionalidade britânica, os cidadãos europeus precisam desde 2015 de apresentar a prova de residência permanente no Reino Unido, procedimento que também aumentou significativamente nos últimos dois anos.

Desde junho de 2016, quando 52 por cento dos eleitores britânicos votaram num referendo a favor da saída da UE, pediram este documento 58.364 portugueses, dos quais 46.052 (79 por cento) foram bem sucedidos, enquanto que os restantes foram recusados ou invalidados.

Enquanto que até 2015, a média de pedidos era inferior a 5.000, a partir de 2016 o número de requerimentos de portugueses por documentos de residência passaram para 21.823 e em 2017 para 29.908.

A “percepção de incerteza” após o referendo sobre o Brexit, “provavelmente contribuíram para o forte aumento na procura por documentação de residência” dos europeus nos últimos dois anos, admite o ministério do Interior britânico.

Porém, a não ser que os cidadãos europeus pretendam candidatar-se à nacionalidade britânica com urgência, as autoridades estão a desencorajá-los a pedir o atual cartão de residente europeu, pois o processo vai ser substituído dentro de dois meses.

Um novo sistema de candidatura ao estatuto de residência permanente totalmente digital vai substituir a necessidade de preencher um formulário de 85 páginas e complementado com dezenas de documentos.

O estatuto de residente permanente (‘settled status’) será atribuído àqueles com cinco anos consecutivos a viver no Reino Unido, enquanto que os que estão há menos de cinco anos no país terão um título provisório (‘pre-settled status’) até completarem o tempo necessário.

O sistema só deverá estar totalmente funcional para os cerca de 3,5 milhões de europeus que vivem no país em março de 2019, tendo a candidatura a data limite de 30 de junho de 2021, se o acordo negociado com Bruxelas for ratificado, ou 31 de dezembro de 2020, se a saída acontecer sem acordo.

Uma terceira fase de testes abriu hoje a todos os cidadãos europeus, incluindo portugueses, que possuam um passaporte válido e os respetivos familiares que não sejam cidadãos da UE, mas que tenham um cartão de residência biométrico válido.

Em destaque

Subir