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Escócia: “Fiquem” no Reino Unido, apela o primeiro-ministro David Cameron

David Cameronescocia cameronA independência da Escócia vai a votos em setembro, mas o primeiro-ministro inglês já faz campanha pelo “não”. “Queremos que vocês fiquem”, garantiu David Cameron, no Parque Olímpico de Londres: “somos mais importantes no mundo se permanecermos juntos”.

A Escócia vai decidir, a 18 de setembro, se continua a integrar o Reino Unido ou se recupera a independência. David Cameron, o primeiro-ministro britânico, já entrou na campanha pelo “não”, frisando a importância do país para a reputação e o prestígio britânicos. “Que a nossa mensagem à Escócia seja esta: queremos que vocês fiquem”, afirmou Cameron.

Embora a decisão caiba “única e exclusivamente a quem vive na Escócia”, todos os britânicos que “acreditam apaixonadamente” na união do reino devem mobilizar-se para pressionar os escoceses a rejeitar a secessão. “É por isso que não me dirijo apenas à população da Escócia, mas à população de Inglaterra, do País de Gales e da Irlanda do Norte. Vocês não votam, mas têm uma palavra a dizer”, argumentou.

David Cameron discursou a favor do “não” com o Parque Olímpico de Londres em pano de fundo, no dia em que arrancam os Jogos Olímpicos de Sochi, na Rússia. O simbolismo do ato foi sublinhado pelo próprio ao evocar a recente olimpíada de Londres, quando “o patriotismo saiu da sombra e todos aplaudiram em conjunto a equipa olímpica britânica”. “Para mim, o melhor dos Jogos Olímpicos não foram as vitórias, foi ver o vermelho, branco e azul” da bandeira britânica, sustentou Cameron.

“A marca UK é poderosa”, salientou o responsável, referindo-se às iniciais de ‘United Kingdom’: “se perdêssemos a Escócia, isso mudaria o Reino Unido e afectaria a nossa reputação. A verdade, pura e simples, é que somos mais importantes no mundo se permanecermos juntos”.

Para provar como a influência britânica no mundo ficaria “profundamente diminuída” com a saída dos escoceses, o primeiro-ministro britânico chamou ao palco o ciclista Chris Hoy, natural da Escócia e que nos últimos Jogos conquistou duas medalhas de ouro para o Reino Unido.

“Discurso cobarde”

A entrada em cena de David Cameron teve uma resposta pronta do Partido Nacional Escocês, a principal força a reivindicar o “sim” no referendo de setembro. Ainda o primeiro-ministro britânico não começara a falar e já Nicola Sturgeon, número dois do Governo autónomo de Edimburgo, criticava o aproveitamento “vergonhoso” das glórias olímpicas de Londres 2012.

“É um discurso cobarde de um primeiro-ministro que usa o Parque Olímpico para dar lições sobre a independência escocesa, mas não tem coragem de vir à Escócia ou sequer aproximar-se para apresentar os seus argumentos em debate”, afirmou Sturgeon.

A crítica surge pela entrada ‘tardia’ em cena de David Cameron. O primeiro-ministro tem estado em baixa na popularidade na Escócia (como todos os líderes conservadores desde Margaret Thatcher) e os partidários do “não” temiam que o apoio de Cameron fosse contraproducente.

Agora que entrou na campanha, o primeiro-ministro deverá anunciar em breve uma visita a Escócia (que será a primeira de várias até setembro), mas deverá continuar a rejeitar os pedidos do primeiro-ministro escocês (cargo que existe devido à autonomia administrativa da Escócia), Alex Salmond, para um debate televisivo sobre o referendo.

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