Desvinculação do Acordo Ortográfico discutida no Parlamento
Os deputados discutem nesta quarta-feira uma petição que tem como finalidade desvincular Portugal do Acordo Ortográfico de 1990.
A ‘Petição pela desvinculação de Portugal ao ‘Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO90)’, que tem cerca de 26 mil signatários – entre os quais personalidades como Eduardo Lourenço, António Lobo Antunes, Manuel Alegre, Miguel Sousa Tavares e Bagão Félix – é discutida hoje na Assembleia da República.
No texto da petição alerta-se para o facto de a aplicação do Acordo Ortográfico “ter gerado crescente iliteracia em publicações oficiais, na imprensa e na população em geral”.
Por outro lado, o fim supremo dessa alteração era unificar a Língua, o que não ocorreu. “A previsão segundo a qual a implementação do AO90 contribuiria para o desprestígio internacional de Portugal revelou-se verdadeira. Basta verificar o facto simples de brasileiros não entenderem convenientemente algumas coisas escritas em Português euro-afro-asiático-oceânico. Com isto, coloca-se Portugal a si mesmo, internacionalmente, em ridículo”, pode ler-se.
“Às fracas cultura ortográfica e consciência etimológica, bem como à falta de sentido crítico sobre o uso da Língua vêm sobrepor-se não apenas os confusos princípios do AO90 como também o vasto desconhecimento do mesmo”, insistem os autores da petição.
Os autores desta petição classificam o Acordo como “erro colossal, cometido apressadamente”.
Nesse sentido, instam os deputados a “revogar a vinculação ao AO90, o quanto antes, o mais celeremente possível, é única solução honrosa e condigna para os interesses de Portugal”.
Refira-se que a aplicação do Acordo Ortográfico nunca mereceu consenso. Houve quem criticasse o Acordo em si, bem como o modo como foi implementado. Há agora críticas à forma como se escreve Português, em resultado das dúvidas suscitadas pelas alterações previstas.
Acresce que as escolas adotaram o Acordo Ortográfico. E os alunos do primeiro ciclo não reconhecem o Português ‘tradicional’ (perdoe-se a expressão).
O assunto chega ao Parlamento e regressa à agenda mediática, graças a uma ação cívica bem acolhida por muitos portugueses – muitos mais do que os 26 mil signatários da petição.