Segundo os resultados preliminares do Inquérito ao Consumo de Energia no Setor Doméstico, divulgados hoje pelo INE e referentes ao ano de 2010, os portugueses já gastam mais energia nos transportes individuais, do que nas suas próprias casas.
É a primeira vez, desde que os inquéritos do INE são realizados, que o consumo de energia gasto pelos portugueses em veículos domésticos ultrapassa a barreira dos 50 por cento. De acordo com estes resultados, o consumo energético em carros representa já 51 por cento dos gastos energéticos, demonstrando uma mudança radical dos hábitos dos consumidores portugueses.
Ainda assim, esta é uma tendência que se vem mantendo desde que o INE iniciou, pela primeira vez em 1989, o inquérito ao consumo de energia da população portuguesa. Naquele ano, apenas 21,8 por cento do consumo total de energia dizia respeito aos transportes e, em 1996, esse consumo representava já 38,4 por cento. Ao ultrapassar, em 2010, o limite de 50 por cento, o relatório do INE confirma a existência de “profundas alterações nos hábitos de consumo de energia em Portugal”.
O gasóleo continua a ser o principal combustível consumido pelos portugueses (60 por cento), “apesar de ser notório um número mais reduzido de alojamentos com veículos a gasóleo, quando comparado com os que têm veículos a gasolina”.
Em relação ao consumo doméstico, o relatório destaca a utilização da eletricidade como a principal fonte de energia (44,1 por cento), em detrimento do uso cada vez menor de lenha. A lenha é, aliás, a fonte com maior queda de utilização, tendo passado de 60,1 por cento em 1989, para 24,2 por cento em 2010.
A cozinha destaca-se como a divisão da casa onde os gastos de energia são maiores. Segundo o documento hoje divulgado, “a utilização de energia na cozinha continua a ter o maior peso, cerca de 37 por cento, face aos outros tipos de utilização no alojamento. O consumo de fontes de energia renováveis (carvão, lenha e energia solar térmica) no setor doméstico representa cerca de 25 por cento do consumo total de energia nos alojamentos em 2010”.
