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Cancro da próstata: Criada uma vacina com sucesso nos testes

vacinavacina bigUma equipa de investigadores brasileiros criou uma vacina que, nos testes realizados, deu indicações de sucesso. No ensaio, que dura há mais de uma década, a mortalidade foi reduzida dos 19 para os nove por cento. Na base da vacina está a capacidade de ‘marcar’ as células cancerígenas.

Uma equipa de investigadores brasileiros, liderada por Fernando Kreutz, criou ao longo da última década uma vacina cujos resultados, nos testes realizados desde 2002, demonstrou um sucesso que abre perspetivas para a criação de uma verdadeira e eficaz vacina contra o cancro da próstata.

Na génese da vacina está a aplicação de um ‘detetor de tumores’ nas células do paciente, que são posteriormente reintroduzidas no organismo.

A ideia é que, ao retirar células tumorais, estas sejam reproduzidas em laboratório para receberem uma substância que seja identificada como agressão pelo sistema imunológico, de forma a que este responda a todas as todas as células com a mesma ‘marcação’, ou seja, todas as células tumorais.

“O nosso sistema imunológico não consegue perceber que aquela é uma célula tumoral, é como se ela ficasse invisível. Eu consegui fazer com que essa célula, que antes era invisível, se tornasse visível”, simplificou Fernando Kreutz, investigador da Universidade de Porto Alegre.

“Marquei a célula como se dissesse ‘olha, sistema imunológico, ataca aqui porque esta célula tem de ser aniquilada’. O sistema imunológico reconhece isso e prolifera, multiplica essas células que vão destruir o tumor”, complementou o médico.

Os primeiros testes tiveram início ainda em 2002, com um grupo de 48 pacientes cuja média de idades era de 63 anos.

Os 48 pacientes realizaram o tratamento convencional (hormonas e radioterapia), mas a 26 foram recolhidas células tumorais que, depois de aplicado o “modulador do sistema imunológico”, foram reintroduzidas no organismo por radiação.

“No grupo de controle (que recebeu o tratamento convencional) tivemos 19 por cento de mortalidade, exatamente o que era esperado estatisticamente”, referiu o investigador.

 “No grupo vacinado”, os resultados confirmaram o sucesso do plano: “tivemos uma mortalidade de nove por cento. Isso significa que a hipótese do paciente morrer enquanto faz o tratamento convencional foi de uma em cada cinco pessoas, enquanto no grupo vacinado foi um em cada 11 pacientes”.

Os investigadores alertaram, contudo, que ainda é cedo para se pensar numa produção comercial da vacina.

Para já, está prevista uma segunda fase de testes, envolvendo cerca de 400 pacientes.

De acordo com as estatísticas mais recentes, o cancro da próstata mata em Portugal cerca de 4000 homens por ano.

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