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Campos de trabalho e reeducação são reais, admite a Coreia do Norte

coreia norte Pela primeira vez, a Coreia do Norte admitiu que existem no país campos de trabalhos forçados. “As pessoas são aperfeiçoadas ao aperceberem-se dos erros” que cometeram, argumentou o diplomata norte-coreano responsável pelos direitos humanos na ONU.

Na Coreia do Norte, há cidadãos a serem enviados para campos de detenção, onde são reeducados através de trabalhos forçados.

Na verdade, não existem “campos de detenção”, explicou Choe Myong Nam, o diplomata que representa o país nas Nações Unidas em matéria de direitos humanos: há locais para a “reforma através do trabalho”.

Na Coreia do Norte não existem campos de concentração, nem “nenhuma prisão ou coisas desse tipo”, esclareceu ainda Nam: “tanto na lei quanto na prática, temos realmente campos de detenção de reforma através do trabalho – não campos de detenção – onde as pessoas são aperfeiçoadas ao aperceberem-se dos erros que cometeram”.

Para estes campos de “reeducação” são enviados os criminosos comuns e alguns políticos, embora a maioria seja mantida dentro de um rigoroso sistema de campos de detenção política.

As declarações de Choe Myong Nam foram feitas ‘para dentro’, ou seja, a repórteres norte-coreanos.

São, porém, também citadas as declarações que Ri Tong Il, o embaixador adjunto da Coreia do Norte da ONU, terá proferido durante uma recente visita à União Europeia.

“Estamos à espera do final do ano para iniciar diálogos políticos entre os dois lados”, sendo que o tema dos direitos humanos será abordado em 2015, terá dito Tong Il.

Uma fonte da União Europeia que a AP não identifica confirma que o embaixador norte-coreano esteve reunido com Stavros Lambrinidis, o responsável pelos direitos humanos da UE, sem que fossem revelados detalhes das conversações.

A Coreia do Norte frisou que rejeita o uso do tema como uma “ferramenta para interferência” no plano interno.

Confissão programada

A admissão da existência de campos de trabalho serve para preparar o próximo conflito diplomático.

Anualmente, a União Europeia e o Japão apresentam um relatório, na Assembleia Geral da ONU, que invariavelmente critica a política norte-coreana em matéria de direitos humanos.

O mais recente é também o mais assertivo nas críticas: “ousamos dizer que o caso dos direitos humanos na Coreia do Norte excede todos os outros em duração, intensidade e horror”.

“Enquanto os registos de direitos humanos na Coreia do Norte continuam insondáveis, é ainda mais importante que destacados oficiais norte-coreanos estejam a abordar o assunto e até expressem um interesse formal num diálogo”, argumentou o diretor executivo da Comissão pelos Direitos Humanos na Coreia do Norte, com sede em Washington (EUA), Greg Scarlatoiu.

No mesmo email, Scarlatoiu reforçou a teoria: “a tradicional abordagem norte-coreana aos assuntos ligados a direitos humanos costumava ser simplesmente a de ignorar relatórios de ONG internacionais, agências governamentais ou órgãos da ONU. Os direitos humanos costumavam simplesmente desaparecer, superados por provocações militares sobre armas nucleares e mísseis”.

Ao admitir a existência de campos de trabalho, a Coreia do Norte deu “um passo modesto na direção certa”.

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