José Sócrates discorda da “má solução” que António José Seguro sugeriu para a eleição do candidato do PS a primeiro-ministro. As primárias serão “uma barafunda” que trarão problemas de “legitimidade”, deixando um exemplo: “como se define um simpatizante do PS?”
O comentador político da RTP discorda que o PS eleja o cabeça de lista às legislativas através de eleições primárias. Para José Sócrates, antigo dirigente socialista, o processo será “uma barafunda” e poderá descredibilizar a próxima liderança.
“Eu não gosto da solução, mas parece-me muito pior neste tempo. É uma má solução para o Partido Socialista neste momento”, assumiu José Sócrates, no comentário semanal para a RTP.
Com uma questão, o ex-primeiro-ministro resumiu os problemas que a “má solução” das primárias pode levantar: “Como se define um simpatizante do PS?”
“Como é que se atesta” que alguém é simpatizante do partido e está em condições de participar nas diretas? Ou, lembrando os estatutos, “como é que esse militante que se inscreveu há um mês não pode votar [por motivos estatuários] e um simpatizante de base é inscrito a partir de agora e já pode votar?”
A ideia de escolher o candidato do partido a primeiro-ministro através de primárias é uma “solução absolutamente extraordinária e uma barafunda”, insistiu Sócrates, que pediu aos órgãos do partido que estudem o processo com “muita prudência e muito bom senso”.
“Eu vejo nisto uma enorme barafunda”, reforçou.
O comentador político alertou ainda para um eventual bicefalia no PS, com um secretário-geral e um candidato a primeiro-ministro: “suponhamos que poder-se-á dizer que podemos considerar simpatizante do PS alguém que é suportado pela declaração de dois militantes. Se vamos para isso, então com a situação que está agora criada converteremos as duas fações, de um lado e do outro de militantes, em arrebanhadoras de simpatizantes”.
“No Vaticano temos um Papa emérito e um Papa em efetividade de funções”, comparou, “mas isto só funciona porque o Papa emérito está retirado em oração e faz todo o possível para não criar nenhum problema. Ora, eu não estou a ver que um secretário-geral do Partido Socialista escolhido pelos militantes se retirasse agora em oração para a Capela do Rato”.
