O assassínio de Boris Nemtsov, o principal rival político do Presidente russo, foi “um crime com contornos políticos”, nas palavras do próprio Putin. O chefe de Estado afirmou que a “tragédia” deve servir para terminar com os crimes motivados por finalidades políticas.

A Rússia tem de “estar atenta” aos crimes “motivados por finalidades políticas”, como o assassínio de Boris Nemtsov, o principal opositor do Presidente Vladimir Putin. Quem o afirmou foi – não se ria – o próprio Vladimir Putin.

Lamentando o “audacioso crime”, cometido “mesmo no centro da nossa capital”, o chefe de Estado russo considerou que a morte de Nemtsov é “uma tragédia”, mas foi ainda mais longe: considerou o ato como “um crime com contornos políticos”.

As declarações de Putin vão ao encontro do se fala em surdina, na Rússia: terá sido o regime a ‘encomendar’ a morte do vice-primeiro-ministro do país durante a Presidência de Boris Yeltsin. A versão oficial, recorde-se, aponta para que o assassinato esteja relacionado com a vida pessoal ou profissional de Nemtsov.

As informações mais recentes das autoridades policiais revelam que não foi feita qualquer detenção, embora já tenham sido identificados alguns suspeitos.

Vladimir Putin afirmou ainda que instruiu o Ministério dos Interior para reforçar os meios de investigação aos casos criminosos e para impedir (novos) assassinatos políticos na Rússia, até para conter um alegado avanço do extremismo.

“Vemos tentativas de organizar atividades ilegais em ruas até à publicação de propaganda odiosa em redes sociais da internet”, salientou o chefe de Estado russo.

Boris Nemtsov, que desde 2000 se vinha a assumir como o principal opositor ao regime de Putin, tinha expressado o receio de vir a ser assassinado por estar a preparar um relatório sobre a atividade das forças militares russas no leste da Ucrânia.

O político foi assassinado a tiro, na passada sexta-feira à noite, na Praça Vermelha, em Moscovo, quando caminhava com a namorada.