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António Vitorino diz que migrações são uma das “fronteiras civilizacionais” cruciais da atualidade

O diretor-geral da Organização Internacional das Migrações afirmou hoje em Lisboa que as migrações representam uma das mais “cruciais fronteiras civilizacionais” da atualidade e que o combate às perceções erradas e às ideias simplistas associadas ao fenómeno é crucial.

“Considero que as migrações representam uma das mais cruciais fronteiras civilizacionais à cerca do tipo de sociedade e do tipo de comunidade internacional em que queremos viver”, declarou António Vitorino, numa intervenção no Seminário Diplomático, a reunião anual dos embaixadores portugueses, que decorre hoje e sexta-feira na capital portuguesa, em que foi o orador convidado.

Sociedades essas que devem ser “abertas, plurais e tolerantes” e uma comunidade internacional que tenha como base a cooperação e que siga um caminho “de entendimento partilhado entre Estados”, referiu o ex-ministro português, que assumiu a direção-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM) em outubro passado.

Numa intervenção de cerca de 30 minutos, Vitorino frisou que quando se fala em migrações na atualidade existe um “desfasamento” entre a perceção e a realidade.

Desfasamento esse, alertou o responsável, tem sido “terreno fértil” para o aumento de um sentimento negativo em relação aos migrantes e para o crescimento de uma “deriva populista” que “se alimenta daqueles que se sentem perdedores da globalização” e que coloca os migrantes no centro das críticas.

E lembrou, por exemplo, o impacto que o assunto migrações teve na campanha do Brexit (processo de saída do Reino Unido da União Europeia).

“As ideias populistas são simples e fáceis de entender pelos seus destinatários”, afirmou Vitorino, salientando o recurso frequente de palavras como “expulsar” ou “rejeitar”.

“É um risco pensar que podemos ter políticas migratórias para resolver outros problemas”, declarou.

“Temos de nos dirigir às causas profundas das migrações”, prosseguiu, defendendo que as políticas migratórias devem estar associadas a estratégias de desenvolvimento.

Vitorino, de 61 anos, ex-ministro português (1995-1997) e ex-comissário europeu (1999-2004), assumiu a direção da OIM a 01 de outubro, cargo para que foi eleito em junho passado.

O Seminário Diplomático reúne anualmente em Lisboa os embaixadores portugueses para debaterem as prioridades da política externa portuguesa com membros do Governo, empresários e académicos.

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