Nas Notícias

“Antes de salvar os restaurantes temos de salvar os portugueses”

Pneumologista Filipe Froes alerta para “fase ascendente” da segunda vaga da covid-19, que “não se sabe quando e onde acaba”. Compreende os efeitos económicos das medidas de confinamento, mas lembra que “sem portugueses, não país, não há qualquer outra atividade”.

O pneumologista Filipe Froes alertou, nesta terça-feira, para o agravamento do quadro da covid-19, considerando que o número de casos “vai continuar a subir” e que o país ainda não chegou à fase crítica. 

Em declarações na SIC Notícias, o especialista sustentou que a segunda vaga da pandemia atravessa “uma fase ascendente” que “vai continuar a subir”, sendo que “não sabemos quando, como e quando acaba”.

“Não tivemos capacidade de interpretar os sinais que foram aparecendo em agosto, setembro e sobretudo no início de outubro”, defendeu.

“Não tivemos capacidade de ler o que estava a acontecer, planeámos mal, não nos antecipamos e, agora, estamos em plena segunda onda com uma diferença: o outono vai a meio e o inverno ainda nem sequer chegou”, complementou.

Filipe Froes manifesta compreensão relativamente aos efeitos económicos das medidas de confinamento, ou de restrição de circulação. Porém, considera que a saúde é prioritária.

“Antes de salvarmos os restaurantes ou os hotéis, temos de salvar os portugueses, porque sem portugueses, não há país, não há qualquer outra atividade”.

O pneumologista considera também que as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro António Costa são insuficientes e deveriam precaver um cenário que ainda não é real, mas que se aproxima: uma média de 10 mil casos diários, com cerca de 100 mortos por dia.

“Deveríamos pensar em medidas para a possibilidade dos 10 mil casos diários e 100 óbitos por dia e, provavelmente, mais de 500 internamentos em unidades de cuidados intensivos”, aponta.

Esse cenário significaria que o Serviço Nacional de Saúde estaria perto da rutura, pelo que o Governo deveria agir, em vez de reagir.

Filipe Froes entende, por outro lado, que deve prevalecer o esforço individual “tentar achatar a curva”, sendo que “quanto mais tarde adiarmos medidas, mais tarde começaremos a achatar essa curva”.

Nesse sentido, apelou à “coesão nacional”, bem como à adoção de medidas “coerentes, claras e uniformes”, para se atingir essa meta.

O especialista avisa também que o fim da pandemia “ainda não se vê”. Assim, há que continuar a adotar as medidas de prevenção.

“Chegámos a esta situação porque desvalorizámos a pandemia”, lamenta, considerando que “não fomos capazes de retirar ilações da primeira vaga”.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1 263 890 mortos em mais de 50,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 3021 pessoas dos 187 237 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

Em destaque

Subir