Nas Notícias

Abebe Selassie: “Se quiserem ter um grande estado providência têm de saber como pagar por ele”

abebe selassieO chefe de missão do FMI, depois de explicar como Portugal falhou a convergência, apela ao debate sobre as funções sociais do Estado. “Se quiserem ter um grande estado-providência em Portugal, tudo bem, mas têm de saber como pagar por ele”, afirmou Abebe Selassie.

O chefe de missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Portugal, Abebe Aemro Selassie, já tinha criticado, hoje, as políticas públicas que conduziram, a partir de 1999, ao fim da convergência de Portugal com a União Europeia. Na mesma palestra, na Ordem dos Economistas, Selassie instou a sociedade a debater quais devem ser as políticas sociais do Estado, pois, para ter um estado-providência de modelo nórdico, é preciso “pagar por ele”.

“Se quiserem ter um grande estado-providência em Portugal, tudo bem, mas têm de saber como pagar por ele. É possível ter um Estado baseado no modelo escandinavo, mas para isso é necessário um setor exportador muito dinâmico”, explicou o economista etíope, considerando que “esse é um debate necessário”.

As exportações portuguesas, porém, abrandaram nos últimos meses, agravando os sinais de recessão. Uma recessão que é para continuar, assim como todo o trabalho que a troika tem recomendado. “Há uma grande recompensa em continuar com as reformas estruturais para o crescimento económico, por isso é muito importante que as reformas continuem para além do horizonte temporal do programa”, assegurou Selassie.

O problema é que “ainda falta muito trabalho”, cerca de “um terço” do programa, e os riscos de perda do “consenso político e social” são cada vez maiores. “Reconhecemos que há um grande aumento do desemprego, que duplicou”, e “uma grande pressão sobre as famílias”, admitiu o economista do FMI, prometendo que “o esforço não foi em vão” e que Portugal tem feito “grandes progressos”.

Em destaque

Subir