Cultura

A “Mentira” de Manuel Jorge Marmelo com prémio por ser “Mil Vezes Repetida”

majm 210manuel jorge marmeloManuel Jorge Marmelo venceu o prémio literário Casino da Póvoa, o principal da 15.ª edição do festival Correntes d’Escritas 2014. A obra “Uma Mentira Mil Vezes Repetida” foi considerada pelo júri  “uma singular parábola sobre a literatura e o seu poder redentor”.

O antigo jornalista e agora escritor Manuel Jorge Marmelo venceu o prémio literário Casino da Póvoa com o romance “Uma Mentira Mil Vezes Repetida”. Na corrida pela principal distinção do 15.º Encontro de Escritores de Expressão Ibérica, mais conhecido como o festival Correntes d’Escritas, a obra de Marmelo superou as restantes finalistas.

A concurso estavam romances de Rui Zink (“A Instalação do Medo”), Juan Marsé (“Caligrafia dos Sonhos”), António Cabrita (“A Maldição de Ondina”) e Ricardo Menéndez Salmón (“A Luz é Mais Antiga que o Amor”), mas o júri optou por destacar “uma singular parábola sobre a literatura e o seu poder redentor”, como descreveu a obra de Manuel Jorge Marmelo.

Elogiando “a maturidade do autor no domínio da narrativa”, o júri, constituído por Isabel Pires de Lima, Carlos Quiroga, Patrícia Reis, Pedro Teixeira Neves e Sara Figueiredo Costa, considerou que “Uma Mentira Mil Vezes Repetida” baseia-se “num quotidiano prosaico de uma cidade reconhecível na qual irrompem laivos de actualidade”. O autor “propicia uma repescagem valorativa da dimensão oral da palavra” ao recorrer à “convocação da memória colectiva através da atenção às múltiplas vozes que vão irrompendo”.

“Suplemento de ânimo”

Manuel Jorge Marmelo, que há um ano saiu do Público na sequência de um despedimento coletivo, lembrou que o prémio de 20 mil euros chega “numa altura em que estou a atravessar uma das fases mais difíceis da minha vida porque estou desempregado”.

“Receber um prémio destes, nesta altura, é um suplemento de ânimo de que estava a precisar ao fim de um ano e tal desempregado”, reforçou o agora escritor, lembrando que era presença assídua no festival como jornalista: “estou habituado a estar desse lado, a ver gente que admiro muito receber o prémio, como Hélia Correia e Rubem Fonseca”.

“Há dois anos, saí daqui mais manco do que o Rubem Fonseca, de muletas, e depois fui despedido. Este ano, vou sair daqui com um cheque e uma réplica da lancha poveira”, comparou Manuel Jorge Marmelo.

Na hora da consagração, o escritor recordou Manuel António Pina (falecido em dezembro de 2012), o primeiro a apresentar o livro que veio a vencer o 15.º festival Correntes d’Escritas 2014: “faz-nos muita falta, todos os dias, pela sua forma cívica e ética de olhar para o mundo”.

“Uma Mentira Mil Vezes Repetida” foi um dos cinco finalistas de um grupo de 15 pré-finalistas, selecionados de entre as mais de 180 obras apresentadas a concurso.

Para trás ficaram, na fase anterior, “A Maldição de Ondina” (de António Cabrita), “A Sul. O Sombreiro” (Pepetela), “A Vida no Céu” (José Eduardo Agualusa), “Dentro de Ti Ver o Mar” (Inês Pedrosa), “Diário da Queda” (Michel Laub), “Metade Maior” (Julieta Monginho), “O Filho de Mil Homens” (Valter Hugo Mãe), “O Retorno” (Dulce Maria Cardoso), “Pai, Levanta-te, Vem Fazer-me um Fato de Canela” (Manuel da Silva Ramos), “Quando o Diabo Reza” (Mário de Carvalho) e “Um Piano para Cavalos Altos” (Sandro William Junqueira).

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