Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra conseguiu superar um dos grandes entraves da terapia génica. Esta solução inovadora foi testada em linhas celulares cancerígenas, mas a sua potencial aplicação estende-se a várias patologias que envolvem fatores genéticos, como as doenças neurodegenerativas.
Um dos grandes entraves ao sucesso da aplicação da terapia génica – tratamento que consiste em transferir material genético exógeno para células-alvo, por forma a corrigir doenças que envolvam fatores genéticos, como por exemplo o cancro – é o transporte e entrega eficiente do material genético às células alvo.
Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), através da Faculdade de Ciências e Tecnologia e do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), conseguiu ultrapassar este grande obstáculo, desenvolvendo um “veículo” de transporte à base de dois polímeros completamente catiónicos (um polímero que tem uma distribuição de cargas positivas em toda a sua cadeia).
Os resultados da investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, foram tema de capa da última edição da revista científica ‘Macromolecular Bioscience’.
O nanossistema concebido pela equipa da UC, nos últimos quatro anos, é uma espécie de “novelo formado pelo emaranhado de polímero e genes que assegura o transporte eficaz do material até às células-alvo, protegendo-o e impedindo a sua destruição ao longo do percurso”, ilustram os coordenadores do estudo, Jorge Coelho e Henrique Faneca.
A solução inovadora foi testada em linhas celulares cancerígenas, mas a sua potencial aplicação estende-se a várias patologias que envolvem fatores genéticos, como as doenças neurodegenerativas.
Nas experiências realizadas, após complexos estudos que permitiram encontrar a estrutura certa do novo polímero com propriedades favoráveis à entrega do material genético, demonstrou-se que “os genes chegaram ao destino com sucesso, apresentando o novo nanossistema uma toxicidade reduzida”.
“Outra caraterística importante deste ‘veículo’ é o facto de conseguir conduzir uma grande quantidade de genes com uma reduzida porção de polímero”, notam os investigadores que pretendem prosseguir com o estudo, agora em modelos animais.
A equipa responsável pela investigação é composta por Rosemeyre Cordeiro, Dina Farinha, Nuno Rocha, Arménio Serra, Henrique Faneca e Jorge Coelho.