Críticas de Ferreira Leite ao ‘plano b’ do Governo, que “lança impostos sobre os reformados” porque “estes não refilam”. No comentário semanal na TVI24, a antiga presidente do PSD critica o alargamento da incidência da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES), acusando o executivo de Passos de uma medida “perversa” e de uma “obsessão” contra os reformados.
Manuela Ferreira Leite lançou ontem duras críticas ao Governo, no comentário à alternativa que o executivo de Passos encontrou para reagir ao chumbo do Tribunal Constitucional.
Depois do corte de 10 por cento das pensões não ter passado no Palácio Ratton, o Governo decidiu alargar a incidência da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) e aumentar as contribuições dos beneficiários da ADSE, o que visa os reformados – protegidos pela Constituição da chamada “convergência de pensões”.
Para Manuela Ferreira Leite, o Governo “taxa os reformados porque estes não refilam”. Por outro lado, sustenta a social-democrata, com estas medidas “de natureza perversa” agrava-se o problema da “falta de equidade tributária entre os cidadãos”.
A comentadora considera que este ‘plano b’ do Governo é um aumento de impostos, ao contrário do que o executivo de Passos Coelho quer fazer ver.
O que é a Contribuição Especial de Solidariedade senão um imposto? O Governo recusou não lançar impostos sobre toda a gente, mas fazê-lo apenas sobre os reformados. Isto é uma obsessão”, salientou Manuela Ferreira Leite.
Também o vice-presidente Paulo Portas é visado nas críticas de Ferreira Leite. Segundo referiu a antiga líder do PSD, estas medidas agora anunciadas surgem para “satisfazer o vice-primeiro-ministro, que sempre foi contra os impostos”.
“Admira-me que, sendo contra o aumento de impostos, [Paulo Portas] não se importe que sejam sobre aquele setor que ele tanto defendeu [os reformados]”, afirmou Manuela Ferreira Leite.
Recorde-se que, depois de o Tribunal Constitucional ter chumbado o corte de pensões de alguns reformados – alegando que a medida colocava em causa o princípio da confiança –, o Governo apresentou ontem a alternativa: aumentar a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES), que visa os pensionistas, assim como as contribuições dos beneficiários da ADSE.
Mais reformados vão ficar abrangidos por aquela contribuição: as reformas abaixo dos 1350 euros passam a ser sujeitas à CES, segundo anunciou em conferência de imprensa o ministro Marques Guedes.