Ciência

Portugal não consegue erradicar a Hepatite C até 2030

De acordo com os parâmetros da Organização Mundial da Saúde e tendo por base os níveis das 24 políticas de intervenção pública existentes no País, o cálculo desta análise indica que Portugal não vai alcançar a erradicação da doença até 2030.

Este cálculo matemático é possível através da consulta da ferramenta inovadora Let’s End HepC (LEHC), desenvolvida pela Universidade Católica Portuguesa e que avalia o impacto das políticas de saúde pública na eliminação da Hepatite C (VHC).

A duas semanas do Governo ter mudado o modelo de financiamento e cortado a verba do orçamento para as hepatites virais, Ricardo Baptista Leite, médico e coordenador científico de saúde pública do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa, sustenta que esta realidade pode ser alterada.

“O Governo tem neste momento todas as ferramentas ao seu dispor para tornar possível a eliminação antes de 2030. Basta que a vontade política acompanhe a evidência científica”, refere.

Atualmente estima-se que existem em Portugal 89 200 de doentes com hepatite C.

“Enquanto Academia, estamos inteiramente à disposição das entidades públicas para trabalharmos juntos, para que a eliminação da hepatite C seja uma realidade”, salienta ainda Ricardo Baptista Leite.

A ferramenta, que contou com o apoio financeiro da Gilead Sciences, revela qual a probabilidade da eliminação da doença recorrendo a um algoritmo matemático que permite o processamento de dados epidemiológicos da doença a nível local conjugando-os com a análise atual de 24 políticas:

  1. Estratégia nacional que inclui VHC (avaliação clínica)
  2. Estratégia nacional, que inclui VHC (avaliação de recursos disponíveis)
  3. Diretrizes clínicas nacionais para o diagnóstico e tratamento do VHC
  4. Envolvimento da sociedade civil na defesa dos interesses e direitos dos doentes com VHC
  5. Eventos ou campanhas de conscientização para o VHC
  6. Registro Nacional de Doenças do VHC
  7. Quadro jurídico, particularmente em termos de discriminação de doentes com VHC
  8. Envolvimento dos cuidados de saúde primários
  9. Política nacional para combate e prevenção da infecção pelo VHC
  10. Análises para VHC em doações de sangue
  11. Análises para VHC em doações de tecidos e órgãos
  12. “Saúde segura” – triagem e tratamento de instrumentos, equipamentos e suprimentos cirúrgicos
  13. Serviços de redução de risco disponíveis para a população de utilizadores de drogas injetáveis
  14. Serviços de redução de risco na prisão
  15. Rastreio de VHC fora do ambiente hospitalar
  16. Triagem na população em geral
  17. Rotina de rastreio de VHC na gravidez
  18. Testes de VHC grátis e anônimos para grupos com alta prevalência
  19. Acesso a consultas especiais para doentes com diagnóstico de VHC
  20. Acesso à monitorização do VHC
  21. Disponibilidade de apoio social para doentes com VHC
  22. Acesso a tratamento para VHC
  23. Tipos de medicamentos disponíveis para doentes com diagnóstico de VHC (AAD versus não AAD)
  24. Avaliação dos resultados do tratamento

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