Altice compra Media Capital enquanto é suspeita de práticas laborais duvidosas
A compra da Media Capital pela Altice surge numa altura em que esta empresa é suspeita de práticas laborais duvidosas. Até o primeiro-ministro, no último debate parlamentar, deixou críticas subliminares à estratégia de transferência de mais de 100 trabalhadores da PT Portugal.
Foi a 30 de junho que a PT Portugal, da Altice, revelou aos trabalhadores que iria transferir 118 deles para outras empresas do grupo, como a Visabeira e a Sudtel. Uma movimentação que já tinha ocorrido com outros 37 trabalhadores, que transitaram da PT Portugal para a Winprovit.
Os sindicatos criticam este “assédio moral” e a polémica ganhou dimensão, obrigando o presidente do Conselho de Administração da PT Portugal a ter de se explicar na comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social.
“Não aceito qualquer acusação de ilegalidade. Rejeito liminarmente qualquer acusação de assédio moral, não estamos a fazer nenhum assédio moral”, afirmou Paulo Neves.
Segundo este gestor, ou os trabalhadores das áreas não essenciais aceitam esta “agilização”, como chamou à transferência para outras empresas da Altice, ou terá de haver despedimentos da PT Portugal.
“Se a pessoa não quiser, damos a hipótese de rescindir, sempre com valores superiores àquilo que a lei obriga”, acrescentou Paulo Neves: “Até estamos na disposição de dar tempo, ainda que a pessoa já não seja nossa, e pagar uma compensação pela saída”.
O caso mereceu até um comentário de António Costa, no último debate parlamentar, que, a propósito do incêndio de Pedrógão, acusou a MEO (da PT Portugal) de ter pior serviço do que a concorrência: “Espero que a entidade reguladora olhe com atenção para o que aconteceu com as diferentes operadoras e para compreender bem como houve algumas que conseguiram manter sempre as comunicações e houve outra que esteve muito tempo sem conseguir manter comunicações nenhumas”.
Com os trabalhadores da PT Portugal a marcar uma greve para dia 21, a Altice comunicou hoje à CMVM a compra da Media Capital, que entre outras empresas detém a TVI, por 440 milhões de euros.
