Uma protagonista de ‘Guilherme Tell’ foi violada em grupo, no palco da Royal Opera House de Londres. Os espetadores apuparam a cena que o diretor defendeu como espelho da “realidade brutal”, prometendo “avisar o público de que existem cenas de violência sexual e de nudez”.
Pode uma violação em grupo, se cometida em palco, ser arte?
A comunidade artística britânica está a debater o tema depois de uma produção da Royal Opera House ter exibido uma “uma longa violação colectiva, lasciva e voyeurista”, na descrição do The Guardian, concluindo que a cena é “completamente inútil” para o resto do espetáculo.
A plateia reagiu com assobios e apupos, os críticos indignaram-se, mas Kasper Holten, o diretor da Royal Opera House, defendeu a cena de violação em ‘Guilherme Tell’, uma ópera de Rossini.
“Esta produção inclui uma cena que mostra a realidade brutal de mulheres que são vítimas de abuso durante as guerras e da violência sexual que é um facto trágico da guerra. A produção queria fazer desse momento uma cena desconfortável, até porque há várias cenas violentas e chocantes na partitura de Rossini”, explicou Holten, em comunicado.
“Não tencionamos mudar a encenação”, garantiu ainda o responsável: “No entanto, adotámos medidas para avisar o público de que existem cenas de violência sexual e de nudez”.
Mas a polémica está instalada, depois de uma cena, no terceiro ato da ópera, “em flagrante contradição com o espírito da música” de Rossini, segundo o crítico do The Daily Telegraph.
A nível de música, refira-se que a orquestra, dirigida pelo italiano Damiano Michieletto, teve mesmo de parar de tocar perante os assobios e apupos do público, que se prolongaram por mais do que um minuto.
“Uma reacção excessiva? Não quando se vê 20 homens do coro a arrastarem uma mulher e a despirem-na antes de se apressarem a violá-la”, referiu o The Times sobre a cena “indesculpavelmente horrível”.