O primeiro dia de greve dos funcionários judiciais, que exigem a integração de um suplemento no ordenado, está a verificar uma adesão elevada a nível nacional disse à Lusa o dirigente sindical Fernando Jorge.
“A ideia que temos é a de que há muitos tribunais que podem estar completamente encerrados e outros em que a adesão se situa na casa dos 80 ou 90 por cento. Há da parte dos oficiais de Justiça uma manifestação inequívoca de desagrado relativamente à forma como estão a ser tratados pelo Ministério da Justiça e pelo Governo”, disse o presidente do Sindicato dos Funcionários de Justiça.
Hoje cumpre-se o primeiro dia de cinco dias de greve nacional alternada em protesto pela forma como o Governo está a integrar um suplemente de 10 por cento no ordenado dos trabalhadores.
Fernando Jorge, na concentração organizada no Campus Justiça, em Lisboa, apelidou como discriminatória a atitude do Ministério da Justiça porque aplicou aos funcionários judiciais um critério diferente do que aquele que foi aplicado aos magistrados acrescentando que, até ao momento, não houve mais desenvolvimentos a não ser uma convocatória para uma reunião na próxima quinta-feira.
“Ao que julgamos saber é para nos dizerem: ‘ou é integrado assim ou não é integrado de maneira nenhuma’ e isto é uma desconsideração com a qual não podemos compactuar”, afirma frisando que os funcionários judiciais querem ver efetivados os mesmos critérios que foram usados em relação aos juízes e procuradores.
“O Governo ainda vai a tempo de emendar a mão e ter uma atitude de sensatez, de consideração e respeito para com uma classe profissional que dá muito à Justiça. Estamos a falar de um encargo da ordem dos 700 mil euros, nem chega a um milhão, para um universo de seis mil oficiais de Justiça”, afirmou.
O dirigente sindical espera que as greves e as concentrações venham “a chamar a atenção do Ministério das Finanças, do primeiro-ministro e do Presidente da República”, mas diz estar surpreendido com o Ministério da Justiça por ter adotado “uma atitude discriminatória” em relação a um grupo profissional “que trabalha a altas horas da noite sem ganhar um tostão de horas extraordinárias”.
“Se em relação a uns a integração é feita diretamente em 14 meses porque é que para nós a integração é feita apenas dividindo os 11 meses por 14? Isto provoca uma diminuição do vencimento mensal”, criticou Fernando Jorge.
A greve nacional em dias alternados vai continuar no próximo dia 28 e depois nos dias 02, 04 e 12 de julho.
O sindicato marcou cinco dias alternados, uma vez que a greve de 24 horas não tem serviços mínimos face aos recentes acórdãos do Tribunal da Relação de Lisboa.
A concentração que decorre hoje em Lisboa conta com a participação de dezenas de trabalhadores e na próxima sexta-feira no Porto.
Presente no protesto esteve o deputado do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza que anunciou que o partido vai apresentar hoje na Assembleia da República um projeto de resolução com recomendações sobre o assunto.
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