Mais de cem jornalistas juntaram-se em frente às instalações da Direção Nacional da PSP, situadas em Lisboa, cidade que foi palco de uma intervenção policial, ontem, que atingiu dois fotojornalistas, da agência Lusa de da France Press.
Os primeiros profissionais de comunicação a chegar ao local do protesto entregaram uma carta ao diretor-adjunto da PSP, onde repudiam a intervenção violenta daquela força policial, durante as manifestações ocorridas ontem, local onde os dois fotojornalistas exerciam a sua atividade profissional.
Em solidariedade com esses fotojornalistas, mais de cem profissionais da classe foram-se concentrando na Direção Nacional da PSP, num protesto que teve como objetivo, também exigir o apuramento de responsabilidades. Mas existem divergências de opinião sobre os incidentes. De um lado, a PSP alega que os jornalistas foram confundidos com manifestantes porque “não tinham qualquer colete ou identificação”, segundo a subcomissária Carla Duarte.
A agência Lusa contrapõe e garante que todos os jornalistas ou fotojornalistas que estejam no exercício de funções “estão devidamente identificados”. Aquela agência noticiosa vai apresentar queixa contra a PSP.
Já em declarações à TSF, o comissário Fábio Castro aponta o dedo aos repórteres. “A Polícia de Segurança Pública tem alertado para a necessidade de uma identificação visual por parte dos jornalistas”, adverte.
Apesar de tudo, a PSP vai abrir um processo de averiguações, assim como a Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI), com a finalidade de averiguar o procedimento dos agentes em causa.
Também o Ministério da Administração Interna tomou diligências para evitar que agressões a profissionais de comunicação se repitam, num cenário de manifestação e revolta popular. Num comunicado, o MAI revela que “convidará Sindicato dos Jornalistas e diretores de órgãos de comunicação social” para a realização de reuniões.
Estes encontros têm como finalidade tomar medidas que permitam “evitar ocorrências idênticas” em manifestações onde os populares se juntam a jornalistas e fotojornalistas que estejam a fazer a cobertura desses eventos.
As reuniões do MAI não invalidam os inquéritos levados a cabo pela PSP e IGAI, nem interferem nesses mesmos processos de averiguação, segundo refere o comunicado. O ministério da tutela pretende “conciliar a ordem pública” com o “direito à informação”.
Este incidente já provocou uma reação política, com o Bloco de Esquerda a apelidar a intervenção policial de “violência gratuita” e a exigir ao ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, que preste esclarecimentos no Parlamento.
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