A história de Biso tem tanto de invulgar como de milagre. Afinal, esta gata viveu cinco anos no interior de uma parede, na estação de metro Mohamed Naguib, no Cairo (Egito).
Foi em 2010 que Uncle Abdo, dono de uma loja junto à estação, ouviu uns miares a virem da parede. Através de um buraco minúsculo conseguiu ver uma gata e calculou que teria ficado preso no interior da estrutura.
O humano não podia abrir a parede para libertar a gata, pois incorria no crime de destruição de propriedade pública, num país onde a justiça tem mão pesada. A única hipótese, pensou Uncle Abdo, era dar comida e água ao bicho, através de qualquer buraco que houvesse, até que Biso (o nome que deu à gata) encontrasse uma saída.
Mas o tempo foi passando e a gata nunca conseguiu voltar à liberdade. Quando rebentou a ‘primavera árabe’, Uncle Abdo continuou a ir à estação (tinha fechado a loja após a revolução de 25 de janeiro de 2011) para alimentar a Biso.
A prisão só terminou quando alguém tirou uma foto a uma cauda que saía da parede. A imagem tornou-se viral no Facebook e levou Mounira Shehata, uma ativista pelos direitos dos animais, a negociar a ‘libertação’ com as autoridades.
Munida das autorizações necessárias, Shehata abriu a parede, com a ajuda de Marwa Elgebaly e Rania el-Kordy e sob o olhar atento da polícia, numa operação que se prolongou por cinco horas.
Só que, embora a saída estivesse aberta, Biso recusava-se a deixar o interior da parede: estava aterrorizada, após cinco anos a viver naquelas condições. Um funcionário do metro teve de ir buscá-la. Já cá fora, fugiu de vez, deixando a estação onde viveu aprisionada durante cinco anos.
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