Nove mulheres na Suécia receberam, no ano passado, um útero doado por uma familiar viva. A operação é inédita, polémica e, até ao momento, bem sucedida: as nove pacientes regressaram a casa sem qualquer problema grave. As anteriores tentativas de transplante de útero, realizadas na Turquia e na Arábia Saudita, foram um fracasso porque não permitiram gravidezes saudáveis.
“Este é um tipo de cirurgia inovador”, salienta Mats Brännström, o médico que coordena a equipa de investigadores da Universidade de Gotemburgo: “neste momento, não existe nenhuma bibliografia a que possamos recorrer para concluir com sucesso todas as etapas deste procedimento”.
Os transplantes foram realizados ao longo do ano passado e todos os órgãos foram doados por uma familiar da paciente. A doação em vida tem sido o principal foco na polémica, tanto mais que a experiência mais recente, na Turquia, a jovem (22 anos) que recebeu o útero de uma morta acabou por perder o bebé.
As mulheres que receberam o órgão têm cerca de 30 anos e ou nasceram sem útero, ou perderam-no devido a um cancro do colo do útero. O órgão transplantado não foi ligado às trompas, impossibilitando uma gravidez natural, mas contém os ovários. Antes das operações, foram recolhidos alguns óvulos para posterior fecundação artificial: o próximo passo será o transplante do embrião.
Os primeiros sinais apontam para o sucesso da experiência. De acordo com Mats Brännström, que preside ao departamento universitário de Obstetrícia e Ginecologia, algumas das mulheres já menstruaram após o transplante, uma prova de que os úteros estão funcionais e saudáveis. Tirando uma infeção e “pequenos episódios” de rejeição, as nove pacientes envolvidas tiveram alta e regressaram a casa alguns dias após a cirurgia.
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