Uso de gel não autorizado assumido pelo fundador da PIP

Investigação denuncia o fundador da Poly Implant Prothèse (PIP), no caso dos implantes mamários. Jean-Claude Mas admitiu que os produtos utilizados para a criação das próteses continham um gel de silicone que não era autorizado. A France Press teve acesso a documentos que o comprovam.

Jean-Claude Mas assumiu que o fabricante francês de implantes mamários produziu um gel de silicone não autorizado, segundo a France Press, que teve acesso a documentos onde o responsável, no passado mês de outubro, é denunciado.

No mesmo dia, a AFP torna público um comunicado, através do qual o advogado de Jean-Claude Mas realça “um número impressionante de mentiras e aberrações” que, segundo o próprio, estão a ser publicadas nos jornais.

Nesse sentido, Mas não vai fazer mais comentários sobre o caso e só prestará declarações perante “autoridades judiciais, quando for convocado”. O advogado refere que Jean-Claude ainda não foi chamado por essas autoridades.

Apesar de a comercialização da marca PIP ter sido suspensa em Portugal, no passado mês de março de 2010, há cerca de 2000 mulheres portuguesas que aplicaram próteses mamárias daquele fabricante francês.

Ontem, o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra revelou que irá fazer uma avaliação das mulheres que têm implantes da PIP. Este centro hospitalar anuncia ainda que poderá assumir os custos da remoção dos implantes.

Também ontem, ficou a saber-se que a PIP criou implantes para homens, segundo garantem três ex-trabalhadores da empresa, que sob anonimato revelam ainda que foram feitas ações de formação para operadores de máquinas de fabrico de testículos, glúteos e peito.

Essas fontes referem ao jornal Le Parisien que existia uma linha de implantes masculina, que utilizava o mesmo tipo de materiais nocivos para a saúde. As próteses serviriam para reconstrução, em homens que tivessem sofrido problemas de cancro.

Além das 2000 mulheres em Portugal, há cerca de 30 mil em França, 40 mil em Inglaterra e 25 mil no Brasil. Em todo o mundo, estima-se que cerca de 500 mil mulheres tenham colocado próteses desta marca.

Há poucos dias, o Ministério Público francês revelou que o uso de silicone inadequado foi uma opção consciente da PIP. No entanto, esta marca tem como atenuante o facto de desconhecer os efeitos nocivos para as mulheres.

As autoridades francesas, no entanto, apontam como prioridade – mais do que apontar culpados – defender a saúde das mulheres que introduziram implantes mamários da PIP.

As pessoas que recorreram a aumentos mamários estão a ser aconselhadas a consultar o seu médico, ou o cirurgião que procedeu ao implante