O Uruguai juntou-se ao grupo de países que pede a realização de eleições presidenciais livres na Venezuela, na sequência de um encontro realizado hoje entre os chefes de Estado uruguaio, Tabaré Vasquez, e argentino, Mauricio Macri.
O encontro, com caráter de urgência, realizou-se em Colónia del Sacramento, na margem uruguaia do Rio da Prata, que divide os dois países.
A sensibilidade do assunto levou os governos de Argentina e Uruguai a apenas emitir uma breve nota na qual dizem ter “analisado situação política e social na Venezuela”.
Porém, a urgência da reunião, anunciada repentinamente apenas 40 horas antes, dá uma dimensão do que os dois Presidentes trataram a sós, na residência presidencial de veraneio Aaron de Anchorena, em Colónia del Sacramento,
“Os dois países apelam a que se encontre uma solução democrática com eleições livres, credíveis e com controlos internacionais confiáveis”, limitaram-se a anunciar os dois governos em nota.
Assim, o Uruguai confirma a sua mudança iniciada na semana passada, quando, pela primeira vez, passou a pedir eleições livres como saída para o impasse político venezuelano, abandonando de forma subtil a sua “neutralidade” no assunto.
Anteriormente, o Uruguai manifestava a sua neutralidade e defendia que a saída para a crise na Venezuela devia partir dos próprios venezuelanos.
De qualquer forma, o Uruguai continua a reconhecer Nicolás Maduro como Presidente legítimo da Venezuela em contraste com a imensa maioria dos países da região, incluindo a Argentina, que reconhece Juan Guaidó como Presidente interino e indicado para conduzir um processo eleitoral.
“Se formos falar sobre a ilegitimidade de Maduro, o que dizer então da de Guaidó. Achamos inadmissível que uma pessoa se autoproclame Presidente da República”, sentenciou em declarações à imprensa durante o fim de semana o chefe da diplomacia uruguaia, Rodolfo Nin Novoa, que não participou na reunião de hoje entre Macri e Vázquez.
A reunião de hoje entre Mauricio Macri e Tabaré Vázquez foi pedida de forma urgente pelo Presidente argentino e atendida rapidamente pelo homólogo uruguaio.
Mauricio Macri, que detém atualmente a Presidência rotativa do Mercosul, formado ainda por Brasil, Uruguai e Paraguai, quer resolver o contraste que significa o Uruguai a defender Nicolás Maduro enquanto o bloco mantém a Venezuela suspensa desde 2017 por “rutura da ordem democrática”.
A mudança de posição uruguaia está na origem da convocação, na terça-feira, do ministro Rodolfo Nin Nóvoa pelo parlamento para dar explicações.
A decisão uruguaia divide a oposição e o governo num ano eleitoral, expondo fraturas internas dentro da coligação de governo Frente Ampla.
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