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TPC “são repetitivos e inúteis” defendem especialistas

Especialista critica excessos dos professores nos trabalhos para casa e aponta que as crianças ‘trabalham’ mais que os próprios pais. Já um pediatra alega que, se existisse um sindicato de crianças, “nunca permitiria tamanha carga horária”.

É contra os ‘TPC’ diários? Uma especialista e um pediatra estão de acordo consigo.

Surgem com uma boa intenção, mas acabam por ser contraproducentes. São os chamados ‘TPC’, “excessivos e inúteis”, segundo defende uma investigadora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto.

Em declarações à agência Lusa, Maria José Araújo considera que a “vida das crianças a partir dos 6 anos não pode funcionar só a partir da escola”. A especialista entende também que “brincar, a educação informal e os momentos de lazer são fundamentais”.

Mas apresenta outros números, que vão suscitar uma reflexão. Se analisarmos o tempo médio que uma criança entre os 6 e os 10 anos passa na escola e somarmos o tempo que dedicam aos trabalhos de casa, verificamos que ‘trabalham’ mais do que um adulto.

Além das oito horas diárias que passam na escola, transportam na mochila os TPC, que retiram tempo a outras atividades, ao convívio com a família, ao lazer e, acima de tudo, ao descanso.

“Os TPC são muitas vezes repetitivos e inúteis. Repetir letras e fichas, com o argumento de que os alunos gostam e precisam, devia ser proibido, como acontece nalguns países. Os TPC  podem ajudar a mecanizar, mas afastam a criança do sentido e do valor do conhecimento”, defende Maria José Araújo.

Porém, não se pode confundir os trabalhos para casa com o estudo. “Estudar é fundamental. E devemos demonstrá-lo às crianças. Mas estudar tem de ter a adesão voluntária de quem o faz”, diz a especialista.

Igualmente ouvido nesta matéria, o pediatra Mário Cordeiro concorda e ironiza.

“Qualquer sindicato das crianças, se existisse, nunca permitiria tamanha carga horária”, salienta.

O trabalho da escola é cada vez mais realizado fora da sala de aula, segundo destacam aqueles especialistas. E o tempo para “brincar, descansar e preguiçar” está a ser subvalorizado.

Será que estamos a educar as nossas crianças a não gostar da escola?

Maria José Araújo salienta que é importante que a escola não invada o tempo de descanso, o tempo lúdico, o tempo em que, ao lado da família, o menor pode escolher o que fazer.

A especialista salienta a importância da escola. Mas teme exageros.

“O ensino formal é muito importante e devemos estimular as crianças para isso. Mas depois de cinco horas de atividade letiva, é preciso descansar e brincar”, considera.

“As crianças não brincam para aprender; aprendem porque brincam. Brincar é viver, para as crianças. É necessário respeitar a cultura lúdica e as culturas da infância. Se os TPC ajudassem as crianças a ter sucesso escolar já se teria notado”.

Mário Cordeiro argumenta, por outro lado, que a escola não pode “invadir o espaço-casa, onde as crianças devem estar sem pressões”.

“Os TPC diários, na versão ‘mais do mesmo’, são uma invasão da privacidade, na pior hora possível para a família e quando o aluno não tem capacidade de resposta, originando stress familiar e pessoal. Deviam ser abolidos”, conclui o pediatra.

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