Amanhã passam 25 anos desde que um homem, anónimo, protagonizou um momento histórico. Sozinho, impediu uma coluna de tanques de avançar na Praça de Tiananmen, a palavra em mandarim para ‘Paz Celestial’.
O que não ficou para a história foram os momentos seguintes: muitos estudantes foram massacrados pelos militares, numa repressão da qual não existem provas físicas nem dados oficiais, mas apenas uns poucos testemunhos de quem presenciou e sobreviveu.
A 4 de junho de 1989, milhares de estudantes ocupavam a praça em protesto contra a falta de liberdade de expressão, o nepotismo do regime liderado pelo Partido Comunista Chinês, o desemprego e muitas outras razões de queixa. Até que os militares abriram fogo e os tanques avançaram (o que não ficou registado em vídeo, ao contrário do momento histórico protagonizado por um anónimo).
Passados 25 anos, a China continua a não reconhecer o que aconteceu em Tiananmen. Tal como no passado, o Governo do ‘império do meio’ é acusado de esconder a realidade e de censura. Vários sites, motores de buscas, emails e muitos outros softwares estão bloqueados, como denunciam vários especialistas.
O site GreatFire.org refere mesmo que esta é “a mais estrita censura alguma vez desenvolvida” e que ultrapassou o bloqueio de 2012, quando muitos serviços (e, em especial, os do gigante Google) ficaram bloqueados durante 12 horas consecutivas.
“Em 2012, o acesso foi completamente bloqueado. Desta vez, apenas 90 por cento do acesso ao Google está bloqueado. Os utilizadores pensam que se trata de um problema do Google ou do computador, quando na verdade é censura”, afirmou Charlie Smith, fundador do GreatFire.org, numa entrevista ao South China Morning Post. Ao mesmo jornal, a empresa adiantou que inspecionou o sistema e não detetou qualquer problema.
A China não apertou a segurança apenas na internet: junto a Tiananmen e em muitos locais da capital, Pequim, foram reforçados os meios da polícia e do exército. Nenhum ato ou cerimónia a evocar o massacre de 1989 será tolerado pelas autoridades.
Os correspondentes da comunicação social internacional foram ‘aconselhados’, com antecedência, a não se aproximarem da praça. O The New York Times revelou que mais de uma dúzia de pessoas, incluindo ativistas e dissidentes mediáticos, foram detidos nos últimos dias por actos como tirar selfies em Tiananmen com os dedos em ‘V’ de vitória.
Reveja esse momento em que um homem parou uma coluna de tanques, antes da repressão, recordado por um fotojornalista que acompanhava os protestos em 1989:
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